NA PEQUENA E MISTERIOSA CIDADE DE SÃO TOMÉ DAS LETRAS, ONDE AS PEDRAS GUARDAM SEGREDOS E AS MONTANHAS PARECEM TOCAR O CÉU, VIVIA UMA JOVEM CHAMADA RENATA REGINA. AOS OLHOS DOS MORADORES, ELA ERA UMA GAROTA COMO QUALQUER OUTRA: CABELOS LONGOS E CASTANHOS, UM SORRISO DOCE E OLHOS CURIOSOS. MAS QUEM CONHECIA RENATA DE VERDADE SABIA QUE ALGO MUITO DIFERENTE ACONTECIA DENTRO DELA.
RENATA TINHA UMA VIDA CHEIA DE AVENTURAS, MAS ALGO ESTRANHO ACONTECIA COM SUA PERSONALIDADE. ERA COMO SE ELA USASSE DUAS MÁSCARAS: UMA DE BONDADE E OUTRA DE MALDADE. E NINGUÉM NUNCA SABIA QUAL RENATA ENCONTRARIA AO CRUZAR SEU CAMINHO.
EM ALGUNS DIAS, ELA ACORDAVA COM O CORAÇÃO LEVE COMO UMA PLUMA. COM UM SORRISO NO ROSTO, RENATA AJUDAVA TODOS PELA CIDADE. FAZIA BOLOS PARA SEUS VIZINHOS, CUIDAVA DOS ANIMAIS PERDIDOS, E ATÉ CONTAVA HISTÓRIAS PARA AS CRIANÇAS. ERA GENTIL E CARINHOSA, E SÃO TOMÉ DAS LETRAS A AMAVA.
— BOM DIA, DONA ZILDA! PRECISA DE AJUDA PARA CARREGAR ESSAS SACOLAS? — PERGUNTAVA RENATA ALEGREMENTE, PEGANDO AS SACOLAS PESADAS DE UMA SENHORA.
— AH, MINHA QUERIDA, VOCÊ É UM ANJO! — RESPONDIA DONA ZILDA, AGRADECIDA.
MAS, DE REPENTE, COMO SE UMA NUVEM ESCURA COBRISSE O CÉU CLARO, TUDO MUDAVA. NUM PISCAR DE OLHOS, RENATA PARECIA SER OUTRA PESSOA. SEUS OLHOS FICAVAM FRIOS, SEU SORRISO SUMIA, E ELA COMEÇAVA A ESPALHAR CONFUSÃO.
— SAIAM DO MEU CAMINHO! — GRITAVA ELA, SEM PACIÊNCIA, EMPURRANDO AS CRIANÇAS QUE ANTES BRINCAVAM AO SEU REDOR.
NINGUÉM SABIA O QUE ESPERAR. ERA COMO SE RENATA USASSE UMA MÁSCARA INVISÍVEL QUE MUDAVA SUA PERSONALIDADE DE UMA HORA PARA OUTRA. E ESSE MISTÉRIO COMEÇOU A PREOCUPAR OS MORADORES.
UM DIA, A CIDADE ESTAVA EM FESTA, CELEBRANDO O FESTIVAL DAS ESTRELAS. RENATA ESTAVA ANIMADA, VESTIDA COM UMA CAPA BRILHANTE, AJUDANDO A ORGANIZAR OS PREPARATIVOS. ELA PARECIA ESTAR NO SEU MELHOR DIA, CHEIA DE ENERGIA E RISADAS.
— VAMOS TODOS DANÇAR SOB AS ESTRELAS! — ELA DIZIA, COM UM BRILHO NOS OLHOS.
MAS, NO MEIO DA NOITE, SEM AVISO, RENATA MUDOU. O QUE ANTES ERA ALEGRIA SE TRANSFORMOU EM FÚRIA. ELA COMEÇOU A DERRUBAR AS DECORAÇÕES E A GRITAR PALAVRAS DURAS. TODOS SE AFASTARAM, ASSUSTADOS.
— O QUE ACONTECEU COM A RENATA BOA? — MURMURAVAM OS MORADORES.
INTRIGADA COM ESSA TRANSFORMAÇÃO, UMA MENINA CHAMADA CECÍLIA, QUE SEMPRE ADMIROU RENATA, DECIDIU QUE PRECISAVA DESCOBRIR O QUE HAVIA POR TRÁS DESSAS MUDANÇAS. SABIA QUE A CIDADE TINHA SEUS MISTÉRIOS, E TALVEZ AS PEDRAS ANTIGAS PUDESSEM GUARDAR A RESPOSTA.
NA MANHÃ SEGUINTE, CECÍLIA SEGUIU RENATA ATÉ UMA CAVERNA ESCONDIDA NAS MONTANHAS. ERA UM LUGAR MÁGICO, ONDE SE DIZIA QUE QUEM ENTRAVA PODERIA ENCONTRAR VERDADES SOBRE SI MESMO.
— RENATA, POR QUE VOCÊ MUDA TANTO? — PERGUNTOU CECÍLIA, COM CORAGEM, ASSIM QUE VIU RENATA SENTADA NA BEIRA DA CAVERNA.
RENATA OLHOU PARA A AMIGA COM OS OLHOS CHEIOS DE TRISTEZA.
— EU NÃO SEI, CECÍLIA. ÀS VEZES SINTO COMO SE TIVESSE DUAS CARAS. UM MOMENTO SOU EU MESMA, A BOA E GENTIL RENATA. NO OUTRO, ALGO DENTRO DE MIM MUDA, E ME TORNO ALGUÉM QUE NÃO RECONHEÇO — DISSE RENATA, COM LÁGRIMAS NOS OLHOS.
CECÍLIA PEGOU AS MÃOS DE RENATA.
— ACHO QUE VOCÊ PRECISA DESCOBRIR QUAL DESSAS CARAS É A VERDADEIRA. TALVEZ SEJA ALGO QUE SÓ VOCÊ PODE RESOLVER.
RENATA, COM MEDO E CURIOSIDADE, ENTROU MAIS FUNDO NA CAVERNA. LÁ, ELA ENCONTROU UM ESPELHO ANTIGO E MISTERIOSO. QUANDO OLHOU PARA ELE, VIU SEU REFLEXO SE DIVIDIR: UMA METADE SORRIA, ENQUANTO A OUTRA PARECIA ZANGADA E SOMBRIA.
— QUEM SOU EU? — PERGUNTOU RENATA AO ESPELHO.
UMA VOZ SUAVE E SÁBIA ECOOU PELAS PAREDES DA CAVERNA.
— VOCÊ É AMBAS, MAS DEVE APRENDER A CONTROLAR O QUE HÁ DENTRO DE SI. A BONDADE E A ESCURIDÃO EXISTEM EM TODOS NÓS, MAS VOCÊ É QUEM ESCOLHE QUAL DELAS IRÁ GUIAR SEU CORAÇÃO.
RENATA ENTENDEU NAQUELE MOMENTO QUE NÃO ERA UMA QUESTÃO DE SER BOA OU MÁ, MAS SIM DE EQUILIBRAR SUAS EMOÇÕES. ELA SABIA QUE SUA ENERGIA E SUA GRANDIOSIDADE ERAM DONS, MAS PRECISAVA USÁ-LOS DE MANEIRA SÁBIA E NÃO DEIXAR QUE A ESCURIDÃO TOMASSE CONTA.
AO SAIR DA CAVERNA, RENATA SE SENTIU MAIS LEVE. ELA SABIA QUE NÃO SERIA FÁCIL, MAS ESTAVA DETERMINADA A SER A MELHOR VERSÃO DE SI MESMA. E SÃO TOMÉ DAS LETRAS, COM SEUS MISTÉRIOS E SUAS ESTRELAS BRILHANTES, SERIA O LUGAR ONDE ELA APRENDERIA A VIVER COM SUAS DUAS CARAS, ESCOLHENDO SEMPRE O CAMINHO DA BONDADE.
CECÍLIA SORRIU, SABENDO QUE, A PARTIR DAQUELE DIA, RENATA REGINA NÃO PRECISARIA MAIS DE MÁSCARAS PARA ESCONDER QUEM REALMENTE ERA. AFINAL, O VERDADEIRO PODER ESTAVA EM SER SINCERA CONSIGO MESMA.
E ASSIM, AS DUAS AMIGAS CAMINHARAM JUNTAS PARA A CIDADE, SOB AS ESTRELAS, EM PAZ COM A MONTANHA E COM A MAGIA QUE HABITAVA SÃO TOMÉ DAS LETRAS.