NA MOVIMENTADA CIDADE DE PINHÓPOLIS, ONDE AS RUAS ESTAVAM SEMPRE CHEIAS DE CARROS E BUZINAS, VIVIAM MOTOQUEIROS E MOTOCICLISTAS. OS MOTOQUEIROS ERAM CONHECIDOS POR NÃO RESPEITAREM AS LEIS DE TRÂNSITO. ELES PASSAVAM VELOZMENTE PELOS VÃOS ENTRE OS CARROS, FAZENDO ZIGUEZAGUES E ASSUSTANDO OS MOTORISTAS. OS MOTOCICLISTAS, POR OUTRO LADO, ERAM CALMOS E TRANQUILOS, APROVEITANDO SUAS MOTOS PARA PASSEAR E SENTIR O VENTO NO ROSTO, SEM PRESSA ALGUMA.
CERTO DIA, UM DESSES MOTOQUEIROS, CHAMADO ZECA, ESTAVA ACELERANDO EM UMA RUA MOVIMENTADA, QUANDO ALGO INESPERADO ACONTECEU. NO MEIO DE SUA CORRERIA, ELE OUVIU UM SOM DIFERENTE, ALGO QUEIXOSO E MELANCÓLICO, QUE O FEZ DIMINUIR A VELOCIDADE. ERA UM PASSARINHO DE PLUMAGEM BRILHANTE, POUSADO NA BEIRADA DE UMA CAVERNA ESCURA.
O PASSARINHO ERA SOLITÁRIO E SEMPRE FICAVA PERTO DE CAVERNAS E LUGARES SOMBRIOS. SEU CANTO ERA INCONFUNDÍVEL, E SUA CAUDA, QUE SE MOVIA COMO UM PÊNDULO, ERA ÚNICA NA REGIÃO. QUANDO OS RAIOS DO SOL TOCAVAM SUAS PENAS, ELAS BRILHAVAM COMO SE FOSSEM FEITAS DE ESTRELAS.
INTRIGADO, ZECA PAROU SUA MOTO E SE APROXIMOU DA CAVERNA. O PASSARINHO O OLHOU COM SEUS OLHOS CURIOSOS, MAS NÃO VOOU PARA LONGE. AO CONTRÁRIO, ELE CONTINUOU A CANTAROLAR SEU SOM QUEIXOSO, COMO SE ESTIVESSE CONTANDO UMA HISTÓRIA TRISTE.
ZECA, QUE SEMPRE HAVIA SIDO IMPACIENTE E APRESSADO, SENTIU ALGO DIFERENTE NAQUELE MOMENTO. ELE SE SENTOU NO CHÃO E FICOU OBSERVANDO O PASSARINHO. O TEMPO PARECIA TER PARADO, E PELA PRIMEIRA VEZ EM MUITO TEMPO, ZECA NÃO TINHA PRESSA.
DEPOIS DE UM TEMPO, O PASSARINHO VOOU PARA UM GALHO MAIS ALTO, ONDE OS RAIOS DO SOL O ILUMINARAM AINDA MAIS. ZECA, IMPRESSIONADO COM A BELEZA DAQUELE PEQUENO SER, PERCEBEU QUE, ASSIM COMO O PASSARINHO, ELE TAMBÉM PODERIA BRILHAR, MAS PARA ISSO, PRECISARIA MUDAR SEU COMPORTAMENTO.
NAQUELE DIA, ZECA DECIDIU QUE NÃO QUERIA MAIS SER UM MOTOQUEIRO APRESSADO E DESRESPEITOSO. ELE QUERIA SER COMO OS MOTOCICLISTAS QUE APRECIAVAM O PASSEIO, QUE RESPEITAVAM O TEMPO E AS LEIS, E QUE, ACIMA DE TUDO, RESPEITAVAM A VIDA.
DESDE ENTÃO, ZECA COMEÇOU A ANDAR MAIS DEVAGAR, A RESPEITAR OS SINAIS DE TRÂNSITO E A APRECIAR O QUE ESTAVA AO SEU REDOR. E SEMPRE QUE PASSAVA PELA CAVERNA, ELE OLHAVA PARA O PASSARINHO E SORRIA, LEMBRANDO-SE DA LIÇÃO QUE HAVIA APRENDIDO.
O PASSARINHO, POR SUA VEZ, CONTINUAVA SOLITÁRIO, MAS NUNCA MAIS ESTEVE REALMENTE SÓ, POIS SEMPRE QUE VIA ZECA, ELE SABIA QUE TINHA FEITO UM NOVO AMIGO.
E ASSIM, A CIDADE DE PINHÓPOLIS VIU NASCER UM NOVO MOTOCICLISTA, QUE AO INVÉS DE PRESSA, TRAZIA CONSIGO A PAZ E A BELEZA DE QUEM APRENDEU A OBSERVAR O MUNDO AO SEU REDOR, GRAÇAS AO CANTO QUEIXOSO E À CAUDA PÊNDULA DE UM PASSARINHO ESPECIAL.