ERA UMA VEZ, EM UMA TERRA DISTANTE ONDE O SOL BRILHAVA FORTE E AS DUNAS DO DESERTO SE ESTENDIAM POR TODOS OS LADOS, VIVIA UMA PEQUENA LEBRE DE PELO DOURADO. ELA ERA CONHECIDA POR SER RÁPIDA COMO O VENTO E POR SUA CURIOSIDADE SEM FIM. A LEBRE PASSAVA OS DIAS EXPLORANDO AS AREIAS QUENTES, SEMPRE EM BUSCA DE ALGO NOVO E INTERESSANTE.
CERTO DIA, ENQUANTO SALTITAVA PERTO DE UM OÁSIS, A LEBRE AVISTOU UMA TÂMARA QUE CAÍRA DE UMA PALMEIRA ALTA. A FRUTINHA MARROM BRILHAVA AO SOL, E A LEBRE, INTRIGADA, SE APROXIMOU E A CHEIROU.
— QUE FRUTA ESTRANHA! — DISSE A LEBRE, FRANZINDO O NARIZ. — NUNCA VI NADA ASSIM. SERÁ QUE É COMESTÍVEL?
A LEBRE, SEMPRE CURIOSA, DECIDIU EXPERIMENTAR. ELA DEU UMA MORDIDINHA NA TÂMARA E SEUS OLHOS SE ILUMINARAM DE SURPRESA. ERA DOCE, MAIS DOCE DO QUE QUALQUER OUTRA COISA QUE JÁ HAVIA PROVADO!
— ESSA FRUTA É MARAVILHOSA! — EXCLAMOU A LEBRE, LAMBENDO OS LÁBIOS. — PRECISO ENCONTRAR MAIS DESSAS TÂMARAS!
ELA OLHOU PARA CIMA E VIU AS PALMEIRAS ALTAS BALANÇANDO AO VENTO, CARREGADAS DE TÂMARAS. MAS HAVIA UM PROBLEMA: AS PALMEIRAS ERAM MUITO ALTAS, E A LEBRE, COM SUAS PATINHAS CURTAS, JAMAIS CONSEGUIRIA ALCANÇAR AS FRUTAS.
DETERMINADA A CONSEGUIR MAIS TÂMARAS, A LEBRE COMEÇOU A PENSAR EM UM PLANO. ELA DECIDIU PEDIR AJUDA AOS OUTROS ANIMAIS DO OÁSIS.
PRIMEIRO, ENCONTROU O CAMELO, QUE ESTAVA DESCANSANDO À SOMBRA DE UMA ÁRVORE.
— CAMELO, VOCÊ É TÃO ALTO! PODE PEGAR ALGUMAS TÂMARAS PARA MIM? — PEDIU A LEBRE COM OLHOS SUPLICANTES.
O CAMELO OLHOU PARA CIMA, PARA AS TÂMARAS, E DEPOIS PARA A LEBRE.
— EU ATÉ PODERIA — RESPONDEU O CAMELO —, MAS ESTOU MUITO CANSADO DEPOIS DE ATRAVESSAR O DESERTO. TALVEZ OUTRO DIA.
A LEBRE, DESAPONTADA, FOI ATÉ A COBRA, QUE SE ENROLAVA PREGUIÇOSAMENTE EM UMA PEDRA.
— COBRA, VOCÊ CONSEGUE SUBIR NAS ÁRVORES. PODE PEGAR ALGUMAS TÂMARAS PARA MIM? — PERGUNTOU A LEBRE.
A COBRA LEVANTOU A CABEÇA, MAS BALANÇOU LENTAMENTE.
— ESTOU COM SONO E O CALOR ME FAZ QUERER DESCANSAR. TALVEZ OUTRO DIA.
A LEBRE TENTOU COM O MACACO, O PÁSSARO E ATÉ O ESCARAVELHO, MAS TODOS ESTAVAM OCUPADOS OU CANSADOS DEMAIS PARA AJUDÁ-LA. DESANIMADA, ELA SE SENTOU À SOMBRA DE UMA PALMEIRA, PENSANDO QUE TALVEZ NUNCA MAIS PROVASSE UMA TÂMARA DOCE.
ENQUANTO ESTAVA ALI, UM VELHO SÁBIO QUE PASSAVA PELO OÁSIS A VIU E SE APROXIMOU.
— O QUE TE AFLIGE, PEQUENA LEBRE? — PERGUNTOU O SÁBIO, COM UM SORRISO GENTIL.
A LEBRE EXPLICOU SEU DESEJO PELAS TÂMARAS DOCES E SUA FRUSTRAÇÃO POR NÃO CONSEGUIR PEGÁ-LAS.
O SÁBIO OLHOU PARA AS PALMEIRAS E DEPOIS PARA A LEBRE, E DISSE:
— PEQUENA LEBRE, A SOLUÇÃO PARA O SEU PROBLEMA NÃO ESTÁ NA ALTURA DAS PALMEIRAS, MAS NA PACIÊNCIA. VEJA, AS TÂMARAS SEMPRE CAEM AO CHÃO QUANDO ESTÃO MADURAS. TUDO QUE VOCÊ PRECISA FAZER É ESPERAR O MOMENTO CERTO.
A LEBRE FICOU PENSATIVA. ELA NUNCA TINHA CONSIDERADO ESPERAR.
E ASSIM, SEGUINDO O CONSELHO DO SÁBIO, A LEBRE DECIDIU SER PACIENTE. TODOS OS DIAS, ELA VOLTAVA AO OÁSIS E ESPERAVA SOB AS PALMEIRAS. E, COM O TEMPO, AS TÂMARAS MADURAS COMEÇARAM A CAIR AO CHÃO, EXATAMENTE COMO O SÁBIO DISSERA.
COM UM SORRISO SATISFEITO, A LEBRE COMEÇOU A RECOLHER AS TÂMARAS CAÍDAS E SABOREÁ-LAS UMA A UMA, PERCEBENDO QUE, ÀS VEZES, A PACIÊNCIA É A MELHOR AMIGA QUE SE PODE TER.
E DESDE ENTÃO, A PEQUENA LEBRE APRENDEU QUE TUDO TEM SEU TEMPO, E QUE, ÀS VEZES, AS MELHORES RECOMPENSAS VÊM PARA AQUELES QUE SABEM ESPERAR.