NO CORAÇÃO DE UM JARDIM REPLETO DE GIRASSÓIS, VIVIA UM GATO CHAMADO SOLANO. ELE ERA UM GATO DE PELAGEM MALHADA, TÃO BRILHANTE QUE, QUANDO O SOL BATIA NELE, PARECIA QUE ELE TAMBÉM ESTAVA ILUMINADO POR DENTRO. SOLANO TINHA UMA PAIXÃO INCOMPARÁVEL PELO SOL. ELE ERA O PRIMEIRO A APARECER À TARDINHA NO JARDIM DOS GIRASSÓIS, ONDE GOSTAVA DE TIRAR UMA SONECA ANTES QUE O SOL SE ESCONDESSE.
TODOS OS DIAS, AO ENTARDECER, SOLANO CORRIA PARA O JARDIM. ELE SE ANINHAVA ENTRE OS ALTOS GIRASSÓIS, QUE BALANÇAVAM SUAVEMENTE AO VENTO, E FECHAVA OS OLHOS, SENTINDO O CALOR SUAVE DO SOL EM SUA PELE. O CALOR DO SOL O ENVOLVIA COMO UM ABRAÇO, E ELE ADORMECIA COM UM SORRISO DE PURA SATISFAÇÃO.
MAS HAVIA UMA COISA QUE DEIXAVA SOLANO MUITO TRISTE. TODA VEZ QUE O SOL SE PUNHA, ELE ACORDAVA E VIA AS CORES DO CÉU MUDANDO, DO DOURADO AO LARANJA, DEPOIS AO ROSA, E FINALMENTE AO ROXO, ANTES QUE A ESCURIDÃO TOMASSE CONTA. SOLANO NÃO GOSTAVA NADA DESSE MOMENTO, POIS SABIA QUE O SOL ESTAVA INDO EMBORA, E ISSO ENCHIA SEU CORAÇÃO DE TRISTEZA.
CERTA VEZ, AO VER O ÚLTIMO RAIO DE SOL DESAPARECER NO HORIZONTE, SOLANO NÃO CONSEGUIU SEGURAR SUAS EMOÇÕES. ELE COMEÇOU A CHORAR, E SUAS LÁGRIMAS ERAM TÃO SINCERAS QUE CAÍAM COMO PEQUENAS GOTAS DE PRATA, BRILHANDO NO CHÃO DO JARDIM. OS GIRASSÓIS, QUE SEMPRE SEGUIAM O SOL COM SUAS PÉTALAS AMARELAS, SE INCLINARAM, TRISTES AO VEREM O GATO TÃO DESESPERADO.
"POR QUE CHORAS, QUERIDO SOLANO?" PERGUNTOU UM DOS GIRASSÓIS, SUA VOZ SUAVE COMO O VENTO.
"O SOL FOI EMBORA," SOLUÇOU SOLANO, "E EU FICO TÃO TRISTE QUANDO ELE SE ESCONDE. EU SINTO COMO SE UMA PARTE DE MIM ESTIVESSE INDO EMBORA TAMBÉM."
OS GIRASSÓIS ENTENDERAM A DOR DE SOLANO, POIS ELES TAMBÉM ADORAVAM O SOL, MAS SABIAM QUE ELE SEMPRE VOLTAVA NA MANHÃ SEGUINTE. ENTÃO, DECIDIRAM CONSOLAR O GATO.
"SOLANO, QUERIDO," DISSE O GIRASSOL MAIS ALTO, "NÃO FIQUE TRISTE. O SOL PRECISA DESCANSAR PARA PODER BRILHAR AINDA MAIS FORTE AMANHÃ. NÓS GIRASSÓIS SABEMOS QUE ELE SEMPRE VOLTA, E VOCÊ TAMBÉM PRECISA ACREDITAR NISSO."
MESMO COM AS PALAVRAS DE CONFORTO, SOLANO NÃO CONSEGUIA PARAR DE CHORAR. SEU AMOR PELO SOL ERA TÃO GRANDE QUE A IDEIA DE PASSAR A NOITE SEM ELE ERA INSUPORTÁVEL.
FOI ENTÃO QUE ALGO MÁGICO ACONTECEU. AS LÁGRIMAS DE SOLANO, AO TOCAREM O SOLO DO JARDIM, COMEÇARAM A BRILHAR INTENSAMENTE. DE ONDE CAÍAM, PEQUENOS RAIOS DE LUZ SURGIAM, ILUMINANDO O JARDIM INTEIRO. OS GIRASSÓIS, SURPREENDIDOS, COMEÇARAM A BALANÇAR SUAS CABEÇAS DOURADAS, CRIANDO UMA DANÇA DE LUZES QUE ENCHEU O LUGAR DE UMA BELEZA INACREDITÁVEL.
SOLANO OLHOU EM VOLTA, ENCANTADO. ELE NUNCA TINHA VISTO O JARDIM TÃO LINDO À NOITE. AS LUZES SUAVES E CINTILANTES AO REDOR O ACALMARAM, E ELE PAROU DE CHORAR.
"VEJA, SOLANO," DISSE O GIRASSOL, "ESSAS LUZES SÃO UM PRESENTE DO SOL PARA VOCÊ. ELE SABE DO SEU AMOR E QUER QUE VOCÊ SAIBA QUE, MESMO QUANDO NÃO PODE ESTAR AQUI, ELE DEIXOU UMA PARTE DE SUA LUZ PARA ILUMINAR SUAS NOITES."
SOLANO SORRIU, SEUS OLHOS AINDA ÚMIDOS, MAS AGORA BRILHANDO DE ALEGRIA. ELE SE DEITOU NOVAMENTE NO JARDIM, SENTINDO-SE MAIS TRANQUILO. E, AO FECHAR OS OLHOS, SOUBE QUE, EMBORA O SOL ESTIVESSE DORMINDO, SUA LUZ SEMPRE ESTARIA COM ELE.
E ASSIM, TODAS AS NOITES, ENQUANTO O SOL DORMIA, SOLANO SE ACONCHEGAVA NO JARDIM DOS GIRASSÓIS, CERCADO PELAS LUZES MÁGICAS QUE SUAS LÁGRIMAS HAVIAM CRIADO. E TODAS AS MANHÃS, QUANDO O SOL NASCIA, ELE ERA O PRIMEIRO A SAUDÁ-LO, COM O CORAÇÃO CHEIO DE ALEGRIA E AMOR RENOVADO.
E FOI ASSIM QUE SOLANO APRENDEU A AMAR TANTO O SOL QUANTO AS ESTRELAS, POIS SABIA QUE, NO FUNDO, AMBOS ESTAVAM SEMPRE COM ELE, ILUMINANDO SEUS DIAS E SUAS NOITES COM IGUAL CARINHO.