Contos doTio-Avô
Saulo Piva Romero
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DONA MAGALI SEMPRE FOI CONHECIDA POR SUA PACIÊNCIA DE OURO E POR SEUS LONGOS CABELOS CASTANHOS QUE PARECIAM FEITOS DE SEDA. ELA ERA A MÃE DEDICADA DE DOIS PEQUENOS, CLARA, UMA MENINA ESPERTA DE SEIS ANOS, E PEDRINHO, UM BEBEZINHO FOFO DE APENAS UM ANO. MAS, NA REALIDADE, OS DOIS IRMÃOS FAZIAM DA VIDA DE DONA MAGALI UM VERDADEIRO CIRCO.

 

CLARA, COM TODA SUA ENERGIA, ADORAVA INVENTAR BRINCADEIRAS QUE ENVOLVIAM OS CABELOS DA MÃE. CERTO DIA, DECIDIU QUE DONA MAGALI SERIA UMA PRINCESA PRESA NA TORRE DE UM CASTELO, E QUE SEUS LONGOS CABELOS SERIAM A CORDA PARA ELA ESCALAR ATÉ O TOPO. CLARA PUXAVA, TRANÇAVA, AMARRAVA LAÇOS COLORIDOS, E ENQUANTO FAZIA ISSO, A POBRE DONA MAGALI APENAS SUSPIRAVA, TENTANDO DISTRAIR-SE COM A IDEIA DE QUE ALGUM DIA, TALVEZ, SUA PEQUENA CABELEREIRA VIRASSE UMA FAMOSA ESTILISTA.

 

ENQUANTO ISSO, PEDRINHO, COM SEUS OLHINHOS CURIOSOS, NÃO PERDIA UMA OPORTUNIDADE DE METER A MÃOZINHA GORDINHA NOS CABELOS DA MÃE, PUXANDO COM TODA A FORÇA QUE SUAS PEQUENAS MÃOS PERMITIAM. QUANDO NÃO ESTAVA COM OS CABELOS, ERA COM AS ORELHAS DE DONA MAGALI QUE ELE IMPLICAVA. O BEBÊ ADORAVA BRINCAR DE TAMBOR COM OS OUVIDOS DA MÃE, BATENDO SUAS MÃOZINHAS E SOLTANDO GARGALHADAS QUE FAZIAM O CORAÇÃO DE MAGALI DERRETER.

 

MAS OS GRITOS DE CLARA, QUE BRINCAVA DE SER UMA HEROÍNA SALVANDO A MÃE DO "DRAGÃO" IMAGINÁRIO, MISTURADOS AOS SONS DOS "TAMBORINS" DE PEDRINHO, FORMAVAM UMA VERDADEIRA ORQUESTRA DE CAOS NA CASA. A PACIÊNCIA DE DONA MAGALI ERA TESTADA A CADA MINUTO, E EMBORA ELA TENTASSE MANTER O BOM HUMOR, HAVIA MOMENTOS EM QUE ELA SENTIA VONTADE DE GRITAR JUNTO COM ELES.

 

CERTA TARDE, APÓS UMA SESSÃO INTENSA DE “BRINCADEIRAS”, DONA MAGALI SENTOU-SE NO SOFÁ, EXAUSTA. CLARA, PERCEBENDO O CANSAÇO DA MÃE, CORREU ATÉ A COZINHA E VOLTOU COM UM BISCOITO EM FORMA DE CORAÇÃO, QUE HAVIA ESCONDIDO NA DESPENSA. ELA SE APROXIMOU DA MÃE E, COM SEUS OLHOS BRILHANTES, DISSE: "MAMÃE, VOCÊ É A MELHOR PRINCESA QUE EXISTE!"

 

DONA MAGALI SORRIU, MESMO COM OS CABELOS AINDA TODOS DESARRUMADOS E OS OUVIDOS LATEJANDO. PEGOU O BISCOITO E ABRAÇOU CLARA, SENTINDO O AMOR E A TRAVESSURA DAQUELA PEQUENA.

 

PEDRINHO, VENDO A CENA, SE ARRASTOU ATÉ AS PERNAS DA MÃE, SUBINDO NO COLO DE MAGALI E TENTANDO ALCANÇAR O BISCOITO COM SEUS DEDINHOS. COM UM SUSPIRO RESIGNADO, MAS CHEIO DE TERNURA, DONA MAGALI PARTIU O BISCOITO AO MEIO, ENTREGANDO UM PEDAÇO A CADA FILHO.

 

NAQUELE MOMENTO, ELA PERCEBEU QUE, APESAR DO CAOS, DO CABELO BAGUNÇADO E DOS GRITOS NOS OUVIDOS, NÃO TROCARIA POR NADA NO MUNDO AS RISADAS E O AMOR DE SEUS PEQUENOS. AFINAL, SER FEITA DE “GATO E SAPATO” POR SEUS FILHOS ERA APENAS MAIS UMA FORMA DE RECEBER O AMOR SINCERO E DESCOMPLICADO QUE SÓ AS CRIANÇAS SABEM DAR.

 

E ASSIM, DONA MAGALI, COM SEUS CABELOS AGORA DEVIDAMENTE AMARRADOS EM UM COQUE PARA EVITAR MAIS "ESCALADAS", SE PREPARAVA PARA MAIS UM DIA DE AVENTURAS COM SEUS PEQUENOS, SABENDO QUE CADA PUXÃO E CADA GRITO ERAM APENAS PARTE DO DOCE DESAFIO DE SER MÃE.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 28/08/2024
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