ERA UM DIA ENSOLARADO QUANDO JOÃO, UM MENINO CURIOSO DE OITO ANOS, RESOLVEU EXPLORAR A PRAIA EM BUSCA DE TESOUROS ESCONDIDOS. ENQUANTO CAMINHAVA PELA AREIA, ELE AVISTOU ALGO RELUZENTE AO LONGE, QUASE ENTERRADO PELAS ONDAS. CORRENDO ATÉ O OBJETO, DESCOBRIU UMA GARRAFA DE VIDRO, GRANDE E ANTIGA, COM UM NAVIO DE BRINQUEDO DENTRO.
"O QUE SERÁ QUE TEM AQUI DENTRO?" PERGUNTOU-SE, ENCANTADO COM A DESCOBERTA. A GARRAFA PARECIA MÁGICA, E O NAVIO ERA TÃO DETALHADO QUE PARECIA REAL, COM SUAS VELAS BRANCAS E BANDEIRA VERMELHA.
JOÃO SEGUROU A GARRAFA CONTRA A LUZ DO SOL, TENTANDO VER MELHOR O PEQUENO NAVIO, QUANDO DE REPENTE, ALGO INESPERADO ACONTECEU. O CÉU ESCURECEU, E AS ONDAS DO MAR COMEÇARAM A AGITAR-SE. DO FUNDO DO OCEANO, EMERGIU UM HOMEM MISTERIOSO, COM OLHOS QUE BRILHAVAM COMO SAFIRAS E UMA BARBA FEITA DE ALGAS MARINHAS. SUA PELE ERA AZULADA, E ELE USAVA UM COLAR DE CONCHAS QUE TILINTAVAM COM O VENTO.
"QUEM É VOCÊ?" PERGUNTOU JOÃO, ASSUSTADO, MAS AO MESMO TEMPO FASCINADO.
"SOU O GUARDIÃO DOS MARES PROFUNDOS," RESPONDEU O HOMEM, COM UMA VOZ QUE ECOAVA COMO O SOM DAS CONCHAS QUEBRANDO NA PRAIA. "E VEJO QUE VOCÊ ENCONTROU A GARRAFA DO CAPITÃO TORMENTA."
"O CAPITÃO TORMENTA?" JOÃO REPETIU, INTRIGADO.
"SIM," CONTINUOU O GUARDIÃO, "ELE FOI APRISIONADO DENTRO DESSA GARRAFA HÁ SÉCULOS. PARA LIBERTÁ-LO, É PRECISO PRONUNCIAR AS PALAVRAS CERTAS, MAS DEVE-SE TER CUIDADO, POIS O PODER QUE ELE CARREGA É IMENSO."
ANTES QUE JOÃO PUDESSE RESPONDER, O GUARDIÃO COMEÇOU A MURMURAR EM UMA LÍNGUA ESTRANHA, CHEIA DE SONS QUE PARECIAM O RUGIDO DAS ONDAS E O SUSSURRO DO VENTO. DE REPENTE, A GARRAFA COMEÇOU A VIBRAR EM SUAS MÃOS, E O PEQUENO NAVIO PRESO LÁ DENTRO COMEÇOU A SE MOVER!
AS VELAS SE INFLARAM COM UM VENTO INVISÍVEL, E O NAVIO COMEÇOU A NAVEGAR FURIOSAMENTE DENTRO DA GARRAFA. AS ONDAS DE ÁGUA MINÚSCULAS SE FORMARAM E CRESCERAM, TRANSFORMANDO-SE EM UM MAREMOTO QUE RODOPIAVA SEM PARAR. DENTRO DA GARRAFA, PARECIA QUE UM OCEANO INTEIRO SE AGITAVA, E O NAVIO ENFRENTAVA A TEMPESTADE COM BRAVURA.
JOÃO SEGURAVA A GARRAFA COM TODAS AS SUAS FORÇAS, SENTINDO A INTENSIDADE DO MAREMOTO QUE SE DESENROLAVA ALI DENTRO. ERA COMO SE O PODER DO MAR ESTIVESSE APRISIONADO NAQUELE PEQUENO ESPAÇO, E ELE SE VIU ADMIRADO COM A FORÇA QUE O CAPITÃO TORMENTA POSSUÍA.
O GUARDIÃO DOS MARES PROFUNDOS OLHOU PARA JOÃO E SORRIU ENIGMATICAMENTE. "VOCÊ É UM MAR DE CALMARIA E UM MAREMOTO DE INTENSIDADE, JOÃO. SOMENTE AQUELES COM CORAGEM E FORÇA PODEM VELEJAR NESSAS ÁGUAS."
QUANDO O GUARDIÃO DOS MARES PROFUNDOS MURMUROU AS PALAVRAS MÁGICAS, ALGO INCRÍVEL ACONTECEU DENTRO DA GARRAFA. O NAVIO, QUE ANTES ESTAVA QUIETO E IMÓVEL, COMEÇOU A SE MEXER DE FORMA AGITADA. AS PEQUENAS ONDAS DE ÁGUA, QUE ANTES ERAM SERENAS, COMEÇARAM A SE SE LEVANTAR, COMO SE UM VENTO INVISÍVEL AS ESTIVESSE SOPRANDO COM FORÇA.
DE REPENTE, UMA GRANDE ONDA SE ERGUEU DENTRO DA GARRAFA, CHOCANDO-SE CONTRA O CASCO DO NAVIO. ERA COMO SE UMA TEMPESTADE TIVESSE SIDO LIBERADA EM MINIATURA, COM O NAVIO BALANÇANDO VIOLENTAMENTE DE UM LADO PARA O OUTRO. AS VELAS SE INFLARAM COM UMA FORÇA MISTERIOSA, E O NAVIO NAVEGAVA FEROZMENTE CONTRA AS ONDAS CRESCENTES.
O MAREMOTO DENTRO DA GARRAFA SE INTENSIFICOU, AS ONDAS AUMENTAVAM DE TAMANHO, GIRANDO EM UM REDEMOINHO QUE PARECIA NÃO TER FIM. O NAVIO SUBIA E DESCIA NAS ONDAS, LUTANDO PARA NÃO SER ENGOLIDO PELO TURBILHÃO. GOTAS DE ÁGUA BATIAM CONTRA AS PAREDES DE VIDRO DA GARRAFA, COMO SE PEQUENAS TEMPESTADES ESTIVESSEM ACONTECENDO EM TODOS OS CANTOS. O RUGIDO DAS ONDAS E O ESTALO DAS MADEIRAS DO NAVIO, MESMO EM MINIATURA, ECOAVAM DENTRO DA GARRAFA, CRIANDO UMA SINFONIA SELVAGEM DE CAOS MARÍTIMO.
JOÃO OBSERVAVA, FASCINADO E AO MESMO TEMPO ATERRORIZADO, ENQUANTO O MAREMOTO DENTRO DA GARRAFA SE TORNAVA CADA VEZ MAIS VIOLENTO. A ÁGUA GIRAVA EM UM VÓRTICE FURIOSO, E POR UM MOMENTO, PARECIA QUE O NAVIO SERIA ESMAGADO PELAS ONDAS. O PEQUENO BARCO LUTAVA BRAVAMENTE, SUA PROA CORTANDO AS ÁGUAS REVOLTAS ENQUANTO AS ONDAS CONTINUAVAM A BATER CONTRA ELE COM FORÇA.
E ENTÃO, ASSIM COMO COMEÇOU, O MAREMOTO COMEÇOU A DIMINUIR. AS ONDAS, QUE ANTES ERAM FEROZES E ALTAS, COMEÇARAM A SE ACALMAR, E O REDEMOINHO LENTAMENTE PERDEU SUA FORÇA. O NAVIO, AGORA DESGASTADO, MAS INTACTO, FLUTUAVA CALMAMENTE NA SUPERFÍCIE DA ÁGUA, COMO SE O MAREMOTO NUNCA TIVESSE OCORRIDO.
A GARRAFA, QUE ANTES VIBRAVA COM A ENERGIA DO MAR FURIOSO, AGORA ESTAVA TRANQUILA NAS MÃOS DE JOÃO, COM APENAS ALGUMAS GOTAS DE ÁGUA ESCORRENDO PELO VIDRO, COMO AS ÚLTIMAS LÁGRIMAS DE UMA TEMPESTADE QUE PASSOU. O MAREMOTO, EMBORA BREVE, DEIXOU UMA IMPRESSÃO PROFUNDA NO MENINO, QUE NUNCA MAIS OLHARIA PARA UMA GARRAFA DO MESMO JEITO QUE OLHOU PARA AQUELA.