ERA UMA VEZ, NUMA MANSÃO GRANDIOSA E CHEIA DE MISTÉRIOS, ONDE MORAVA A SIMPÁTICA DONA FLORINDA, UMA SENHORA MUITO RICA, QUE ADORAVA ORGANIZAR GRANDES FESTAS. A MANSÃO ERA TÃO GRANDE QUE PARECIA UM CASTELO, E TODOS OS DIAS HAVIA VISITAS E EVENTOS. MAS, O MAIS ESPECIAL DE TODOS OS EVENTOS ERA A FESTA DO SORVETE, QUE ACONTECIA UMA VEZ POR ANO.
DONA FLORINDA TINHA UM MORDOMO CHAMADO SEBASTIÃO. ELE ERA UM SENHOR MUITO SIMPÁTICO, COM BIGODES GRANDES E BRANCOS QUE PARECIAM FEITOS DE ALGODÃO-DOCE. SEBASTIÃO ERA MUITO CUIDADOSO E SEMPRE SE CERTIFICAVA DE QUE TUDO ESTIVESSE EM ORDEM NA MANSÃO. ELE TAMBÉM ERA MUITO ATENCIOSO COM OS CONVIDADOS E, PRINCIPALMENTE, COM A JOVEM EMÍLIA, A NETA DE DONA FLORINDA, QUE ADORAVA BRINCAR PELOS CORREDORES DA MANSÃO.
NO DIA DA TÃO ESPERADA FESTA DO SORVETE, ALGO MUITO ESTRANHO ACONTECEU. QUANDO TODOS SE REUNIRAM NA SALA PRINCIPAL, ONDE OS SORVETES ESTAVAM EMPILHADOS EM UMA ENORME MESA, A SURPRESA: OS SORVETES DESAPARECERAM! NÃO HAVIA NEM UMA GOTA DE SORVETE PARA CONTAR A HISTÓRIA.
DONA FLORINDA FICOU MUITO PREOCUPADA E PERGUNTOU A TODOS OS CONVIDADOS SE ALGUÉM SABIA O QUE HAVIA ACONTECIDO. TODOS FICARAM EM SILÊNCIO, ATÉ QUE O PAPAGAIO DA CASA, O CURIOSO PIPO, GRITOU BEM ALTO:
— O CULPADO É O MORDOMO!
TODOS OS OLHOS SE VOLTARAM PARA SEBASTIÃO. ELE FICOU VERMELHO COMO UM MORANGO E SE APRESSOU A DIZER:
— MAS EU NÃO FIZ NADA! EU SÓ PREPAREI A MESA COM OS SORVETES, COMO SEMPRE FAÇO!
DONA FLORINDA FICOU CONFUSA. ELA CONHECIA SEBASTIÃO HÁ MUITOS ANOS E SABIA QUE ELE ERA UMA PESSOA MUITO HONESTA. EMÍLIA, QUE ESTAVA ESCONDIDA ATRÁS DE UMA CORTINA, DECIDIU AJUDAR SEU AMIGO SEBASTIÃO. ELA SAIU DE SEU ESCONDERIJO E FALOU:
— VOVÓ, O SEBASTIÃO É BONZINHO! ELE NUNCA FARIA ISSO. ACHO QUE TEMOS QUE PROCURAR AS PISTAS!
E ASSIM, EMÍLIA, DONA FLORINDA, E ATÉ O PAPAGAIO PIPO COMEÇARAM A PROCURAR PISTAS PELA MANSÃO. ELES FORAM ATÉ A COZINHA, MAS NÃO ENCONTRARAM NADA. FORAM ATÉ O JARDIM, MAS SÓ ACHARAM ALGUMAS FLORES. ATÉ QUE EMÍLIA TEVE UMA IDEIA BRILHANTE:
— E SE OS SORVETES FORAM LEVADOS PARA O PORÃO?
TODOS DESCERAM RAPIDAMENTE AO PORÃO, E LÁ ENCONTRARAM ALGO INESPERADO. UM PEQUENO GRUPO DE RATINHOS, MUITO FELIZES, ESTAVAM SE DELICIANDO COM OS SORVETES QUE HAVIAM CAÍDO NO CHÃO. OS RATINHOS, SEM QUERER, HAVIAM DERRUBADO OS POTES DE SORVETE ENQUANTO PROCURAVAM POR MIGALHAS.
DONA FLORINDA SORRIU, ALIVIADA. ELA ENTENDEU QUE SEBASTIÃO NÃO ERA CULPADO. SEBASTIÃO, POR SUA VEZ, SE APROXIMOU DOS RATINHOS COM CUIDADO E DISSE:
— VOCÊS TAMBÉM GOSTAM DE SORVETE, NÃO É? QUE BOM QUE ESTÃO SE DIVERTINDO, MAS PRECISAMOS DE SORVETE PARA A FESTA TAMBÉM!
OS RATINHOS FICARAM ENVERGONHADOS, MAS SEBASTIÃO, QUE SEMPRE FOI MUITO BONDOSO, ENCONTROU UMA SOLUÇÃO. ELE SUGERIU QUE A FESTA CONTINUASSE NO JARDIM, ONDE OS CONVIDADOS E OS RATINHOS PUDESSEM APROVEITAR O RESTANTE DOS SORVETES JUNTOS.
A FESTA DO SORVETE ACABOU SENDO AINDA MAIS DIVERTIDA DO QUE O ESPERADO. TODOS RIRAM DA IDEIA DE QUE O MORDOMO PODERIA SER O CULPADO, E PIPO, O PAPAGAIO, NUNCA MAIS FEZ ACUSAÇÕES SEM PENSAR.
E ASSIM, NAQUELA NOITE CHEIA DE RISADAS E SORVETES, FICOU PROVADO QUE, EMBORA SEBASTIÃO FOSSE RESPONSÁVEL POR MUITAS COISAS NA MANSÃO, ELE NÃO ERA O CULPADO. NO FINAL, O VERDADEIRO CULPADO FOI... UM ACIDENTE MUITO DOCE!