Contos doTio-Avô
Saulo Piva Romero
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 NUMA PEQUENA CASA DE CAMPO, VIVIAM DOIS RATINHOS, ZECA E BETO, IRMÃOS INSEPARÁVEIS QUE ADORAVAM SE AVENTURAR PELOS CANTOS DA CASA EM BUSCA DE MIGALHAS DE PÃO E QUEIJO. APESAR DE SEREM PEQUENOS E INDEFESOS, ELES NÃO TINHAM MEDO DE NADA, NEM MESMO DO GRANDE INIMIGO QUE DORMIA AO LADO DELES: O GATO MIMOSO.

 

MIMOSO ERA UM FELINO MAJESTOSO, COM PELOS MACIOS E OLHOS AMARELOS QUE BRILHAVAM COMO O SOL. ELE PASSAVA A MAIOR PARTE DO DIA DORMINDO NA VARANDA OU SE ESPREGUIÇANDO AO SOL. MAS ZECA E BETO SABIAM QUE, POR TRÁS DAQUELA APARÊNCIA TRANQUILA, MIMOSO ERA UM CAÇADOR NATO, HERDEIRO DE INSTINTOS SELVAGENS QUE VINHAM DE SEUS ANCESTRAIS FELINOS.

 

CERTA MANHÃ, ENQUANTO EXPLORAVAM A COZINHA, ZECA E BETO ENCONTRARAM UMA ENORME FATIA DE QUEIJO EM CIMA DA MESA. SEUS OLHOS BRILHARAM DE ALEGRIA, MAS AO MESMO TEMPO, PERCEBERAM QUE PEGAR AQUELE QUEIJO NÃO SERIA TÃO FÁCIL ASSIM. MIMOSO ESTAVA DORMINDO BEM AO LADO DA MESA, RONRONANDO SUAVEMENTE.

 

"PRECISAMOS SER RÁPIDOS, BETO", SUSSURROU ZECA, OLHANDO PARA O IRMÃO. "SE MIMOSO ACORDAR, ELE VAI NOS PEGAR."

 

"EU SEI, ZECA, MAS O QUEIJO É MUITO GRANDE! VAI DAR PARA NÓS DOIS", RESPONDEU BETO, COM ÁGUA NA BOCA.

 

COM MUITO CUIDADO, OS DOIS IRMÃOS SUBIRAM NA MESA E COMEÇARAM A ROER O QUEIJO. MAS, NO MEIO DA FESTA, COMEÇARAM A DISCUTIR SOBRE QUEM COMERIA O MAIOR PEDAÇO.

 

"EU ACHEI O QUEIJO PRIMEIRO, ENTÃO EU COMO MAIS!", EXCLAMOU ZECA.

 

"NEM PENSAR, ZECA! EU SOU O IRMÃO MAIS VELHO, ENTÃO EU COMO MAIS!", REBATEU BETO.

 

E ASSIM, DE REPENTE, ZECA E BETO COMEÇARAM A TROCAR "SOCOS" EM PÉ, LEVANTANDO AS PATINHAS E SE EMPURRANDO, CADA UM TENTANDO PEGAR O MAIOR PEDAÇO DE QUEIJO. ELES ESTAVAM TÃO CONCENTRADOS NA BRIGA QUE NEM PERCEBERAM QUE MIMOSO TINHA ACORDADO E AGORA OBSERVAVA TUDO COM SEUS OLHOS AMARELOS BEM ABERTOS.

 

O GATO, ENTRETANTO, NÃO FEZ NENHUM MOVIMENTO. FICOU APENAS ALI, PARADO, OLHANDO OS DOIS RATINHOS TROCANDO GOLPES DE MANEIRA CÔMICA. MIMOSO, COM TODA A SUA EXPERIÊNCIA E INSTINTO, SABIA QUE PODERIA CAPTURÁ-LOS A QUALQUER MOMENTO. MAS ALGO O INTRIGAVA. POR QUE AQUELES DOIS RATINHOS, QUE NORMALMENTE ESTARIAM CORRENDO EM PÂNICO, ESTAVAM BRIGANDO BEM NA FRENTE DELE?

 

MIMOSO DECIDIU ESPERAR. ELE SABIA QUE, SE OS RATINHOS CONTINUASSEM BRIGANDO, LOGO FICARIAM EXAUSTOS E AÍ SIM, ELE TERIA UMA CHANCE FÁCIL DE CAPTURÁ-LOS. MAS ALGO CURIOSO ACONTECEU. DEPOIS DE ALGUNS SEGUNDOS DE BRIGA, ZECA E BETO PARARAM, OFEGANTES, E PERCEBERAM QUE MIMOSO ESTAVA OS OBSERVANDO.

 

COM OS OLHOS ARREGALADOS, OS DOIS RATINHOS CONGELARAM NO LUGAR, TENTANDO PENSAR RÁPIDO EM UMA MANEIRA DE ESCAPAR. O SILÊNCIO TOMOU CONTA DA COZINHA. MIMOSO, SEM PRESSA, PISCOU LENTAMENTE, COMO SE ESTIVESSE DECIDINDO O QUE FAZER.

 

FOI ENTÃO QUE ALGO INESPERADO ACONTECEU. MIMOSO, COM UM BOCEJO PREGUIÇOSO, VIROU AS COSTAS E VOLTOU A SE SE DEITAR, IGNORANDO COMPLETAMENTE OS RATINHOS. ELE NÃO ESTAVA COM FOME NAQUELE MOMENTO E, ALÉM DISSO, A BRIGA ENTRE OS DOIS ERA TÃO ENGRAÇADA QUE ELE NÃO PÔDE DEIXAR DE SE DIVERTIR COM A CENA.

 

ZECA E BETO, AINDA TREMENDO, APROVEITARAM A OPORTUNIDADE E FUGIRAM RAPIDAMENTE, LEVANDO CONSIGO O QUEIJO QUE CONSEGUIRAM. QUANDO CHEGARAM AO BURACO NA PAREDE ONDE MORAVAM, OS DOIS SE OLHARAM E COMEÇARAM A RIR. RIRAM TANTO QUE ATÉ ESQUECERAM DA BRIGA.

 

"ACHO QUE O INIMIGO NÃO ERA TÃO PERIGOSO ASSIM, NÉ?", DISSE ZECA, AINDA SORRINDO.

 

"É, MAS VAMOS TENTAR NÃO BRIGAR NA FRENTE DELE DE NOVO!", RESPONDEU BETO, TAMBÉM RINDO.

 

E ASSIM, ZECA E BETO APRENDERAM UMA VALIOSA LIÇÃO: ÀS VEZES, O INIMIGO MAIS PERIGOSO NÃO É AQUELE QUE ESTÁ DO LADO DE FORA, MAS SIM A FALTA DE UNIÃO ENTRE AMIGOS. E O GATO MIMOSO CONTINUOU VIVENDO SUA VIDA TRANQUILA, SABENDO QUE, NO FUNDO, OS RATINHOS ERAM UMA DIVERSÃO À PARTE.

 

E ASSIM, A PAZ VOLTOU A REINAR NA PEQUENA CASA DE CAMPO, COM ZECA E BETO SEMPRE UNIDOS E ATENTOS, E MIMOSO, O GATO QUE, APESAR DE SER UM CAÇADOR NATO, PREFERIA O CONFORTO DE UM BOM COCHILO AO SOL.

 

 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 25/08/2024
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