Contos doTio-Avô
Saulo Piva Romero
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NAS MONTANHAS NEVADAS DOS ALPES FRANCESES, EXISTE UMA LENDA QUE TODOS OS HABITANTES CONHECEM DESDE PEQUENOS: A LENDA DO DAHU. O DAHU NÃO É UM BODE COMUM, ELE É UMA CRIATURA MÁGICA E MISTERIOSA, QUE NINGUÉM NUNCA VIU DE VERDADE, MAS QUE TODOS JURAM EXISTIR. AS CRIANÇAS, AO REDOR DAS FOGUEIRAS, OUVEM ATENTAMENTE AS HISTÓRIAS CONTADAS PELOS MAIS VELHOS SOBRE O BODE IMAGINÁRIO QUE VIVE NAS ENCOSTAS ÍNGREMES DAS MONTANHAS.

 

O DAHU É DIFERENTE DE QUALQUER OUTRO BODE. ELE TEM DUAS PATAS MAIS LONGAS DO QUE AS OUTRAS, O QUE LHE PERMITE ANDAR APENAS DE LADO NAS MONTANHAS. POR ISSO, DIZEM QUE ELE SÓ CONSEGUE CAMINHAR EM UM ÚNICO SENTIDO, CIRCULANDO OS PICOS MONTANHOSOS SEM NUNCA CAIR. AS PATAS MAIORES O AJUDAM A SE EQUILIBRAR NAS ENCOSTAS ÍNGREMES, ENQUANTO AS MENORES TOCAM LEVEMENTE A NEVE FOFA.

 

CERTA NOITE, NA PEQUENA VILA DE CHAMONIX, UM GRUPO DE CRIANÇAS DECIDIDAS RESOLVEU SAIR EM BUSCA DO DAHU. ARMADOS COM LANTERNAS, COBERTORES E MUITA CORAGEM, ELES SUBIRAM AS MONTANHAS, SEGUINDO AS PEGADAS DE BODES QUE ACREDITAVAM SER DO DAHU.

 

"VOCÊS ACHAM QUE VAMOS ENCONTRAR O DAHU?" PERGUNTOU JULES, O MAIS NOVO DO GRUPO, COM OS OLHOS BRILHANDO DE EXCITAÇÃO.

 

"CLARO QUE SIM, JULES!" RESPONDEU LUCIEN, O MAIS VELHO, CHEIO DE CONFIANÇA. "VAMOS VER SE CONSEGUIMOS PEGÁ-LO DE SURPRESA!"

 

ENQUANTO SUBIAM A MONTANHA, O VENTO FRIO SOPRAVA FORTE, FAZENDO COM QUE AS ÁRVORES SUSSURRASSEM SEGREDOS ANTIGOS. OS PASSOS DAS CRIANÇAS FAZIAM A NEVE RANGER, E A CADA SOM, O CORAÇÃO DELES BATIA MAIS RÁPIDO. QUANTO MAIS ALTO SUBIAM, MAIS DIFÍCIL ERA SEGUIR EM FRENTE. MAS ELES NÃO DESISTIAM, SEMPRE COM A IMAGEM DO DAHU EM SUAS MENTES.

 

DE REPENTE, OUVIRAM UM BARULHO ESTRANHO, UM SOM ABAFADO QUE PARECIA VIR DE TRÁS DE UMA ROCHA ENORME. AS CRIANÇAS PARARAM, SEGURANDO A RESPIRAÇÃO. O QUE SERIA AQUILO? SERÁ QUE FINALMENTE ENCONTRARIAM O DAHU?

 

COM CUIDADO, SE APROXIMARAM DA ROCHA E, AO ESPIAR POR TRÁS DELA, VIRAM... NADA. APENAS NEVE E ALGUMAS PEGADAS QUE LOGO DESAPARECERAM. LUCIEN RIU, TENTANDO DISFARÇAR O MEDO QUE SENTIA.

 

"ACHO QUE O DAHU FOI MAIS RÁPIDO QUE NÓS DESTA VEZ", DISSE ELE, TENTANDO PARECER VALENTE.

 

"TALVEZ ELE SEJA REALMENTE APENAS UM FANTASMA, UMA CRIATURA DA NOSSA IMAGINAÇÃO", SUGERIU JEANNE, A MAIS SENSATA DO GRUPO. "OU TALVEZ... ELE SÓ APAREÇA PARA AQUELES QUE REALMENTE ACREDITAM NELE."

 

AS CRIANÇAS, EMBORA NÃO TENHAM ENCONTRADO O DAHU NAQUELA NOITE, VOLTARAM PARA A VILA COM ALGO MUITO MAIS VALIOSO: UMA HISTÓRIA NOVA PARA CONTAR. AGORA, ELES ERAM OS HERÓIS QUE QUASE CAPTURARAM O BODE IMAGINÁRIO, E SUAS AVENTURAS SE TORNARAM LENDAS QUE OS MAIS VELHOS CONTAVAM AO REDOR DAS FOGUEIRAS.

 

E ASSIM, O DAHU CONTINUOU VIVENDO NAS HISTÓRIAS, NOS SUSSURROS DO VENTO NAS MONTANHAS, E NA IMAGINAÇÃO DE TODOS AQUELES QUE ACREDITAM QUE, NAS ENCOSTAS DOS ALPES FRANCESES, EXISTE UM BODE ESPECIAL, QUE SÓ PODE SER VISTO COM O CORAÇÃO E NÃO COM OS OLHOS.

 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 24/08/2024
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