NO SERTÃO NORDESTINO, ONDE O SOL BRILHA FORTE E A TERRA É SECA, VIVIA A FAMÍLIA DE SEVERINO E ZABÉ. ELES MORAVAM EM UMA PEQUENA CASA DE TAIPA, CERCADA POR MANDACARUS E JUAZEIROS, ONDE O CÉU AZUL PARECIA NÃO TER FIM. ZABÉ, UMA MULHER FORTE E CARINHOSA, ESTAVA GRÁVIDA DE SEU TERCEIRO FILHO, ENQUANTO OS OUTROS DOIS, FRANCISCO E ADALGISA, CORRIAM ALEGREMENTE PELO QUINTAL, BRINCANDO DE ESCONDE-ESCONDE ENTRE AS PLANTAS DO LUGAR.
ERA UM DIA ESPECIAL, POIS A FAMÍLIA ESTAVA SE PREPARANDO PARA IR À ROÇA, UM COSTUME QUE PASSAVA DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO. SEVERINO, UM HOMEM DE SORRISO FÁCIL E CHAPÉU DE PALHA, JÁ ESTAVA COM A ENXADA NO OMBRO, PRONTO PARA MAIS UM DIA DE TRABALHO. A ROÇA FICAVA A ALGUMAS LÉGUAS DE DISTÂNCIA, E O CAMINHO, CHEIO DE PAISAGENS SECAS E BELAS, ERA TAMBÉM CHEIO DE HISTÓRIAS E TRADIÇÕES.
— BORA, MENINOS! — CHAMOU SEVERINO, AJEITANDO O CHAPÉU NA CABEÇA. — HOJE É DIA DE PLANTAR O FEIJÃO!
ZABÉ, COM A BARRIGA JÁ GRANDE, CAMINHAVA DEVAGAR, MAS COM DETERMINAÇÃO. ELA NÃO SE DEIXAVA ABATER PELAS DIFICULDADES. SABIA QUE O TRABALHO NA ROÇA ERA PESADO, MAS TAMBÉM SABIA QUE ERA DE LÁ QUE VINHA O SUSTENTO DA FAMÍLIA.
— ADALGISA, NÃO VÁ SE AFASTANDO MUITO, MENINA! — DISSE ZABÉ, COM UM SORRISO NO ROSTO, ENQUANTO VIA A FILHA CORRER À FRENTE.
— VEM, MÃE! OLHA SÓ ESSE PASSARINHO! — GRITOU ADALGISA, APONTANDO PARA UM CANARINHO QUE POUSARA EM UM GALHO PRÓXIMO.
FRANCISCO, MAIS QUIETO, CAMINHAVA AO LADO DO PAI, OBSERVANDO TUDO COM CURIOSIDADE. ELE GOSTAVA DE APRENDER SOBRE A ROÇA, SOBRE COMO PLANTAR E CUIDAR DA TERRA. SEVERINO SEMPRE DIZIA QUE A TERRA ERA COMO UMA MÃE, QUE DAVA TUDO O QUE TINHAM, DESDE QUE FOSSE BEM TRATADA.
— PAI, O QUE A GENTE VAI PLANTAR HOJE? — PERGUNTOU FRANCISCO, QUEBRANDO O SILÊNCIO.
— HOJE VAMOS PLANTAR FEIJÃO E MILHO, MEU FILHO. — RESPONDEU SEVERINO, COM UM BRILHO NOS OLHOS. — SE A CHUVA VIER NA HORA CERTA, VAI DAR UMA BOA COLHEITA.
E ASSIM SEGUIRAM CAMINHO, CANTANDO ANTIGAS CANTIGAS QUE ZABÉ ENSINARA AOS FILHOS. NO MEIO DO PERCURSO, FIZERAM UMA PAUSA À SOMBRA DE UM GRANDE JUAZEIRO. ZABÉ SENTOU-SE COM CUIDADO, ALISANDO A BARRIGA E OLHANDO OS FILHOS BRINCAREM COM GRAVETOS E PEDRAS.
— SEU IRMÃOZINHO OU IRMÃZINHA JÁ ESTÁ MEXENDO BASTANTE, ZABÉ? — PERGUNTOU SEVERINO, ACARICIANDO O OMBRO DA ESPOSA.
— ESTÁ SIM, SEVERINO. PARECE QUE ESTÁ ANSIOSO PARA VIR AO MUNDO. — RESPONDEU ZABÉ, SORRINDO.
DEPOIS DE DESCANSAR, CONTINUARAM A CAMINHADA. O SOL ESTAVA ALTO QUANDO FINALMENTE CHEGARAM À ROÇA. A TERRA, MESMO SECA, ESTAVA PRONTA PARA RECEBER AS SEMENTES. SEVERINO COMEÇOU A TRABALHAR, ENQUANTO AS CRIANÇAS AJUDAVAM COMO PODIAM, ENCHENDO PEQUENAS COVAS COM FEIJÕES E MILHOS.
— CADA SEMENTE DESSAS É UMA ESPERANÇA, MEU FILHO. — DISSE SEVERINO A FRANCISCO, QUE PRESTAVA ATENÇÃO EM CADA MOVIMENTO DO PAI. — COM FÉ, A GENTE VAI TER UMA BOA SAFRA.
ZABÉ, MESMO CANSADA, NÃO DEIXAVA DE SORRIR AO VER A DEDICAÇÃO DE TODA A FAMÍLIA. SABIA QUE O CAMINHO DA ROÇA ERA MAIS DO QUE UMA SIMPLES JORNADA PARA O TRABALHO. ERA UM LAÇO QUE UNIA A TODOS, UMA FORMA DE ENSINAR AOS FILHOS O VALOR DA TERRA E DA VIDA NO SERTÃO.
NO FIM DO DIA, COM O SOL JÁ SE PONDO, A FAMÍLIA REUNIU-SE NOVAMENTE, AGRADECENDO POR MAIS UM DIA DE TRABALHO E PELA UNIÃO QUE TINHAM. A VOLTA PARA CASA FOI LENTA, MAS CHEIA DE PAZ, COM A CERTEZA DE QUE, INDEPENDENTEMENTE DAS DIFICULDADES, JUNTOS CONSEGUIRIAM ENFRENTAR QUALQUER DESAFIO.
E ASSIM, NO SERTÃO NORDESTINO, ONDE O TEMPO PARECIA PASSAR MAIS DEVAGAR, SEVERINO, ZABÉ, FRANCISCO, E ADALGISA CONTINUAVAM A TRILHAR O CAMINHO DA ROÇA, PLANTANDO NÃO SÓ SEMENTES NA TERRA, MAS TAMBÉM VALORES NO CORAÇÃO DE CADA UM. E AO LADO DE ZABÉ, CRESCIA A NOVA VIDA QUE LOGO VIRIA A FAZER PARTE DESSA HISTÓRIA, DESSE MESMO CAMINHO QUE TANTO ENSINAVA.