ERA UMA VEZ, NA FAZENDA VALE VERDE, UM BOI CHAMADO CORNÉLIO. ELE ERA UM BOI ENORME, DE PELAGEM MARROM E OLHOS PREGUIÇOSOS, QUE PASSAVA A MAIOR PARTE DO SEU TEMPO COMENDO E DORMINDO. CORNÉLIO ERA CONHECIDO POR SUA CALMARIA E SEU APETITE INSACIÁVEL. ELE ADORAVA PASTAR SOB O SOL DA MANHÃ E, QUANDO A TARDE CHEGAVA, DEITAVA-SE SOB A SOMBRA DE UMA GRANDE ÁRVORE PARA TIRAR SUA SONECA.
NO ENTANTO, HAVIA UMA PEQUENA CRIATURA QUE TORNAVA A VIDA TRANQUILA DE CORNÉLIO UM VERDADEIRO DESAFIO. ESSA CRIATURA ERA UMA MOSCA CHAMADA ZIZI. ZIZI ERA UMA MOSCA ESPERTA E CHEIA DE ENERGIA, SEMPRE VOANDO DE UM LADO PARA O OUTRO, SEM NUNCA SE CANSAR. O PASSATEMPO PREFERIDO DE ZIZI ERA ATAZANAR CORNÉLIO ENQUANTO ELE TENTAVA DORMIR.
TODA VEZ QUE CORNÉLIO SE DEITAVA PARA DESCANSAR, ZIZI APARECIA, ZUNINDO AO REDOR DE SUAS ORELHAS, POUSANDO EM SEU FOCINHO E ATÉ MESMO CAMINHANDO EM SUAS NARINAS. CORNÉLIO SACUDIA A CABEÇA, BATIA O RABO, MAS ZIZI SEMPRE ENCONTRAVA UM JEITO DE VOLTAR.
— AH, ZIZI, VOCÊ DE NOVO? — MURMURAVA CORNÉLIO COM OS OLHOS MEIO ABERTOS, TENTANDO IGNORAR A MOSCA.
— CLARO QUE SOU EU! — RESPONDIA ZIZI, ZUMBINDO ALEGREMENTE. — NÃO POSSO DEIXAR VOCÊ DORMIR O DIA TODO, CORNÉLIO! A VIDA É MAIS DO QUE COMER E DORMIR, SABIA?
CORNÉLIO SOLTAVA UM SUSPIRO PROFUNDO E VIRAVA-SE PARA O OUTRO LADO, MAS ZIZI SIMPLESMENTE SEGUIA, DETERMINADA A MANTER O BOI ACORDADO.
UM DIA, ENQUANTO CORNÉLIO TENTAVA COCHILAR, TEVE UMA IDEIA. SE ELE PUDESSE CONVENCER ZIZI A DEIXÁ-LO EM PAZ, PODERIA DORMIR TRANQUILAMENTE. MAS COMO? ENTÃO, ELE LEMBROU-SE DE ALGO QUE O FAZENDEIRO TINHA DITO UMA VEZ SOBRE COMO AS MOSCAS ADORAM O CHEIRO DE CERTAS FLORES.
— ZIZI, VOCÊ JÁ OUVIU FALAR DO CAMPO DE FLORES AO LADO DO RIACHO? — PERGUNTOU CORNÉLIO, TENTANDO PARECER CASUAL.
— CAMPO DE FLORES? — ZIZI PAROU DE ZUMBIR POR UM MOMENTO, INTRIGADA. — NÃO, NUNCA OUVI FALAR. COMO É?
— É UM LUGAR MARAVILHOSO — DISSE CORNÉLIO, USANDO SUA VOZ MAIS CONVINCENTE. — TEM FLORES COLORIDAS E CHEIROSAS POR TODA PARTE. TENHO CERTEZA DE QUE VOCÊ ADORARIA. TALVEZ LÁ VOCÊ ENCONTRE OUTROS AMIGOS PARA ZUMBIR JUNTO.
OS OLHOS DA MOSCA BRILHARAM DE ENTUSIASMO. ELA NUNCA HAVIA VISITADO UM CAMPO DE FLORES ANTES.
— ISSO PARECE INCRÍVEL! — EXCLAMOU ZIZI. — OBRIGADA PELA DICA, CORNÉLIO. VOU VOAR PARA LÁ AGORA MESMO!
ZIZI PARTIU RAPIDAMENTE EM DIREÇÃO AO CAMPO DE FLORES, ANSIOSA PARA EXPLORAR O NOVO AMBIENTE. AO CHEGAR, FICOU ENCANTADA COM A VARIEDADE DE FLORES COLORIDAS E O AROMA DOCE QUE ENCHIA O AR. ELA VOOU DE FLOR EM FLOR, FAZENDO NOVOS AMIGOS E SE DIVERTINDO COMO NUNCA.
PORÉM, O TEMPO PASSOU E ZIZI COMEÇOU A SENTIR-SE CANSADA. DECIDIU ENCONTRAR UM LUGAR TRANQUILO ENTRE AS FLORES PARA DESCANSAR. MAS, QUANDO ESTAVA PRESTES A FECHAR OS OLHOS, OUVIU UM BARULHO CONHECIDO: O MUGIDO DE CORNÉLIO, QUE HAVIA DECIDIDO VISITAR O CAMPO DE FLORES TAMBÉM.
— ORA, ORA, SE NÃO É A ZIZI! — DISSE CORNÉLIO COM UM SORRISO. — ACHEI QUE VOCÊ GOSTARIA DE UM POUCO DE COMPANHIA.
ZIZI TENTOU IGNORAR CORNÉLIO, MAS ELE NÃO PARAVA DE MUGIR AO REDOR DELA, BALANÇANDO SEU GRANDE FOCINHO DE UM LADO PARA O OUTRO.
— CORNÉLIO, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? — PERGUNTOU ZIZI, FRUSTRADA.
— SÓ ACHEI QUE VOCÊ GOSTARIA DE SABER COMO É SER ACORDADA O TEMPO TODO, COMO VOCÊ FAZIA COMIGO — RESPONDEU CORNÉLIO, AINDA MUGINDO.
ZIZI SUSPIROU, PERCEBENDO A LIÇÃO QUE CORNÉLIO ESTAVA TENTANDO ENSINAR. ELA SORRIU, COMPREENDENDO FINALMENTE O QUANTO ERA IRRITANTE SER PERTURBADA ENQUANTO TENTAVA DESCANSAR.
— ESTÁ BEM, CORNÉLIO, VOCÊ VENCEU. VOU DEIXAR VOCÊ DORMIR EM PAZ DAQUI EM DIANTE — PROMETEU ZIZI.
CORNÉLIO PAROU DE MUGIR E SORRIU. A PARTIR DAQUELE DIA, OS DOIS TORNARAM-SE AMIGOS E APRENDERAM A RESPEITAR O TEMPO DE DESCANSO UM DO OUTRO.