Contos doTio-Avô
Saulo Piva Romero
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NA SELVAGEM SAVANA AFRICANA, VIVIA UM ELEFANTE MUITO FOFOQUEIRO CHAMADO JUMBO. DIFERENTE DOS OUTROS ELEFANTES, QUE GOSTAVAM DE EXPLORAR A SAVANA, BRINCAR COM SEUS AMIGOS E SE REFRESCAR NOS RIOS, JUMBO PREFERIA PASSAR O DIA TODO SENTADO NO SOFÁ DE SUA SALA, USANDO APENAS UMA BERMUDA COLORIDA. SEU PASSATEMPO FAVORITO ERA FOFOCAR SOBRE A VIDA DOS OUTROS ANIMAIS PELO TELEFONE.

 

TODOS OS DIAS, JUMBO LIGAVA PARA SEUS AMIGOS PARA COMPARTILHAR AS ÚLTIMAS NOVIDADES:

 

— VOCÊ SOUBE, LEOA? — DIZIA ELE, COM A VOZ CHEIA DE ENTUSIASMO. — A ZEBRA ESTÁ PENSANDO EM PINTAR SUAS LISTRAS DE VERDE!

 

A LEOA, APESAR DE GOSTAR DE UM BOM PAPO, COMEÇAVA A SE CANSAR DAS CONSTANTES FOFOCAS DE JUMBO.

 

CERTO DIA, ENQUANTO JUMBO ESTAVA CONFORTAVELMENTE SENTADO NO SOFÁ, COM O TELEFONE NA MÃO E UM SUCO DE MELANCIA AO LADO, ELE RECEBEU UM TELEFONEMA MISTERIOSO. O APARELHO TOCOU DE UMA MANEIRA DIFERENTE, COM UM SOM MAIS AGUDO E INSISTENTE. CURIOSO, JUMBO ATENDEU PRONTAMENTE.

 

— ALÔ? QUEM FALA? — PERGUNTOU ELE, AJUSTANDO SUA BERMUDA.

 

UMA VOZ DESCONHECIDA, ROUCA E MISTERIOSA RESPONDEU:

 

— JUMBO, PRECISO FALAR COM VOCÊ URGENTEMENTE. É SOBRE ALGO MUITO IMPORTANTE.

 

O ELEFANTE FICOU INTRIGADO. QUEM SERIA ESSA VOZ MISTERIOSA? E O QUE PODERIA SER TÃO URGENTE? A VOZ CONTINUOU:

 

— ENCONTRE-ME NA CLAREIRA DO COIOTE ÀS TRÊS HORAS. VENHA SOZINHO.

 

JUMBO OLHOU PARA O RELÓGIO DE PAREDE EM FORMA DE GIRAFA. FALTAVAM APENAS TRINTA MINUTOS PARA O ENCONTRO. ELE, QUE NÃO GOSTAVA MUITO DE SAIR DE CASA, ESPECIALMENTE PARA ENCONTROS ENIGMÁTICOS, PENSOU EM RECUSAR. MAS A CURIOSIDADE FALOU MAIS ALTO.

 

COM CERTA RELUTÂNCIA, JUMBO LEVANTOU-SE DO SOFÁ, AJEITOU SUA BERMUDA E SAIU DE CASA. CAMINHOU LENTAMENTE PELA SAVANA, PENSANDO EM QUEM PODERIA SER O AUTOR DO TELEFONEMA. QUANDO CHEGOU À CLAREIRA, VIU APENAS A SOMBRA DO GRANDE BAOBÁ E NENHUM SINAL DE QUEM O HAVIA CHAMADO.

 

— OLÁ? TEM ALGUÉM AQUI? — CHAMOU ELE, OLHANDO AO REDOR.

 

DE REPENTE, DE TRÁS DO COIOTE, APARECEU A GIRAFA GIGI, UMA AMIGA DE LONGA DATA DE JUMBO. ELA TINHA UM SORRISO MAROTO NO ROSTO.

 

— GIGI? VOCÊ QUE FEZ O TELEFONEMA MISTERIOSO? — PERGUNTOU JUMBO, CONFUSO.

 

— SIM, FUI EU — RESPONDEU GIGI, RINDO. — PRECISAVA FAZER ALGO PARA TIRAR VOCÊ DE CASA, JUMBO. VOCÊ ANDA MUITO ISOLADO E SÓ VIVE FOFOCANDO PELO TELEFONE. É HORA DE APROVEITAR A SAVANA E VER SEUS AMIGOS DE VERDADE!

 

JUMBO, SURPRESO E UM POUCO ENVERGONHADO, SORRIU.

 

— ACHO QUE VOCÊ ESTÁ CERTA, GIGI. TALVEZ SEJA HORA DE SAIR MAIS E FALAR MENOS NO TELEFONE.

 

GIGI ABRAÇOU JUMBO COM SEU LONGO PESCOÇO E DISSE:

 

— VAMOS, ENTÃO! TEMOS UMA TARDE INTEIRA PARA APROVEITAR!

 

JUMBO PERCEBEU QUE TINHA PERDIDO MUITO TEMPO FALANDO SOBRE OS OUTROS E DEIXOU SEU TELEFONE DE LADO. ELE E GIGI PASSARAM O RESTO DO DIA EXPLORANDO A SAVANA, ENCONTRANDO AMIGOS E SE DIVERTINDO. E, NO FIM DAS CONTAS, JUMBO DESCOBRIU QUE A VIDA LÁ FORA ERA MUITO MAIS INTERESSANTE DO QUE QUALQUER FOFOCA AO TELEFONE.

 

E ASSIM, O ELEFANTE FOFOQUEIRO APRENDEU UMA VALIOSA LIÇÃO DE QUE A METADE DAS DESAVENÇAS COMEÇA COM UM MAL-ENTENDIDO. A OUTRA METADE, COM UMA FOFOCA. SEJA, PORTANTO, GUARDIÃO DE SUA PRÓPRIA LÍNGUA.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 29/07/2024
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