Contos doTio-Avô
Saulo Piva Romero
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ERA UMA VEZ, NUMA CIDADE CHAMADA TANABI, HAVIA UM CAIPIRA MUITO QUERIDO, CHAMADO NHÔ BARBINO. NHÔ BARBINO ERA UM CAIPIRA DE ALMA BOA E CORAÇÃO GENEROSO. MORAVA EM UMA CASINHA SIMPLES NO CAMPO, COM UM GRANDE JARDIM CHEIO DE FLORES E UMA HORTA QUE FAZIA INVEJA A QUALQUER FAZENDEIRO.

NHÔ BARBINO ERA CONHECIDO POR SEU BIGODE IMENSO E SEMPRE MUITO BEM APARADO, QUE BALANÇAVA COMO UMA GELATINA QUANDO ELE FALAVA. SEUS CHAPÉUS DE PALHA E SUA ROUPA DE SARJA ERAM MARCAS REGISTRADAS DE SEU ESTILO SIMPLES E SIMPÁTICO. ELE PASSAVA O DIA CUIDANDO DA HORTA, CONVERSANDO COM AS GALINHAS E PREPARANDO DELICIOSOS QUITUTES PARA OS VIZINHOS.

UM DIA, ENQUANTO NHÔ BARBINO ESTAVA NO QUINTAL REGANDO AS PLANTINHAS, OUVIU UM BARULHO ESQUISITO VINDO DA ESTRADA. ERA UM SOM DE CASCOS BATENDO E ALGUÉM GRITANDO: “SOCORRO! SOCORRO!”

NHÔ BARBINO CORREU ATÉ A ESTRADA E ENCONTROU UM JOVEM RAPAZ CHAMADO ZÉ DAS NEVES, QUE ESTAVA MONTADO EM UM CAVALO AGITADO. O CAVALO PARECIA ESTAR APAVORADO E BALANÇAVA A CABEÇA DE UM LADO PARA O OUTRO.

“Ô, ZÉ! O QUE FOI, MOÇO? QUE TÁ ACONTECENDO AQUI?” PERGUNTOU NHÔ BARBINO, PREOCUPADO.

“NHÔ BARBINO! MEU CAVALO TÁ ENDIABRADO! NÃO CONSIGO ACALMÁ-LO DE JEITO NENHUM!” RESPONDEU ZÉ, SEGURANDO AS RÉDEAS COM FORÇA.

NHÔ BARBINO COÇOU O BIGODE PENSATIVO E DISSE: “AÍ, ZÉ, NÃO SE AFOBA NÃO. DEIXA COMIGO. VOU DAR UM JEITO NISSO.”

ELE FOI ATÉ A SUA CASINHA E VOLTOU COM UM SACO DE MILHO FRESCO. COMEÇOU A FALAR COM O CAVALO COM UMA VOZ SUAVE E TRANQUILA: “Ô, BICHINHO, NÃO FICA ASSIM NÃO. OLHA O MILHO AQUI, Ó!”

O CAVALO, ATRAÍDO PELO CHEIRO DO MILHO, COMEÇOU A SE ACALMAR. NHÔ BARBINO SE APROXIMOU DEVAGAR E OFERECEU O MILHO COM A PALMA DA MÃO. EM POUCOS MINUTOS, O CAVALO ESTAVA CALMO E TRANQUILO, COMENDO ALEGREMENTE O MILHO.

ZÉ DAS NEVES, ALIVIADO, AGRADECEU A NHÔ BARBINO: “MUITO OBRIGADO, NHÔ BARBINO! O SENHOR É UM VERDADEIRO HERÓI!”

NHÔ BARBINO SORRIU COM SEU BIGODE BALANÇANDO: “AH, QUE ISSO, ZÉ! SÓ FIZ O QUE QUALQUER AMIGO FARIA. AGORA, CALMA E NÃO DEIXA ESSE CAVALO FICAR MAIS ENDIABRADO!”

DEPOIS QUE O CAVALO DO ZÉ DAS NEVES SE ACALMOU, NHÔ BARBINO, SEMPRE DISPOSTO A DISTRAIR OS OUTROS COM SUAS HISTÓRIAS, COMEÇOU A CONTAR O CAUSO DA MULA SEM CABEÇA. ELE SABIA QUE, ENQUANTO NARRAVA, O ZÉ DAS NEVES E O CAVALO SE DISTRAÍRIAM E CONSEGUIRIAM SE ACALMAR DE VEZ.

“ENTÃO, ZÉ DAS NEVES, LÁ NAQUELAS BANDAS DO SERTÃO, TEM UMA HISTÓRIA QUE NINGUÉM PODE ESQUECER. É DO TEMPO EM QUE AS COISAS NÃO ERAM COMO HOJE, E A GENTE AINDA ACREDITAVA QUE O MUNDO estava CHEIO DE MISTÉRIOS E ASSOMBRAÇÕES. A HISTÓRIA É DA MULA SEM CABEÇA.”

ZÉ DAS NEVES, CURIOSO, FEZ UM GESTO DE INCENTIVO PARA QUE NHÔ BARBINO CONTINUASSE.

“POIS BEM,” COMEÇOU NHÔ BARBINO, “DIZEM QUE A MULA SEM CABEÇA ERA UMA CRIATURA TERRÍVEL, UMA MULA NORMAL, MAS COM UMA FALTA DE CABEÇA, QUE SÓ APARECIA NAS NOITES DE LUA CHEIA. ERA UMA ASSOMBRAÇÃO QUE AMEDRONTAVA ATÉ O MAIS CORAJOSO DOS HOMENS. NINGUÉM SABIA DE ONDE VINHA, MAS TODOS ESTAVAM DE ACORDO QUE ELA TINHA UM GOSTO ESPECIAL POR ASSUSTAR OS POBRES VIAJANTES QUE SE AVENTURAVAM PELO SERTÃO À NOITE.”

NHÔ BARBINO FEZ UMA PAUSA DRAMÁTICA, OLHOU PARA O ZÉ DAS NEVES E CONTINUOU, “DIZEM QUE ELA SOLTA UM RELINCHO TÃO FORTE QUANTO O DE UM CAVALO, SÓ QUE MAIS ARRASTADO E ESGANIÇADO. E A SOMBRA DELA, QUANDO PASSA, FAZ OS CABELOS SE ARREPIAREM, COMO SE O VENTO TIVESSE LEVADO UM PEDAÇO DA ALMA DA GENTE.”

O ZÉ DAS NEVES ARREGALOU OS OLHOS, TENTANDO IMAGINAR A CENA. “E COMO É QUE A GENTE FAZ PRA SE LIVRAR DESSA MULA?”

NHÔ BARBINO SORRIU, “A HISTÓRIA QUE EU VOU TE CONTAR É QUE, UMA VEZ, UM VALENTE CABOCLO CHAMADO ZÉ DO VENTO ENCONTROU A MULA. ELE estava EM UMA CAVALGADA, E QUANDO OUVIU O RELINCHO, SABIA QUE TINHA QUE FAZER ALGO PARA ENFRENTAR O MEDO. ELE ERA ESPERTO E TINHA UM TRUQUE. ZÉ DO VENTO CARREGAVA CONSIGO UM SACO DE SAL E UMA CRUZ DE MADEIRA, QUE ELE USAVA COMO AMULETOS.”

“QUANDO A MULA APARECEU,” CONTINUOU NHÔ BARBINO, “ZÉ DO VENTO NÃO HESITOU. ELE LANÇOU UM PUNHADO DE SAL EM DIREÇÃO À MULA E, ENQUANTO ELA ESTAVA DISTRAÍDA, USOU A CRUZ PARA FAZER UM SINAL. A MULA, QUE ERA UMA CRIATURA DO MAL, NÃO SUPORTAVA O SAL E O SÍMBOLO SAGRADO. ELA SOLTOU UM RELINCHO ESTRONDOSO E DESAPARECEU NO AR, DEIXANDO APENAS UMA NUVEM DE POEIRA.”

ZÉ DAS NEVES FICOU ALIVIADO AO OUVIR A HISTÓRIA. “ENTÃO, O TRUQUE É O SAL E A CRUZ?”

NHÔ BARBINO BALANÇOU A CABEÇA, “NÃO É SÓ ISSO, MEU AMIGO. A HISTÓRIA É UMA LIÇÃO SOBRE ENFRENTAR O MEDO COM CORAGEM E ASTÚCIA. ZÉ DO VENTO USOU O QUE TINHA PARA VENCER A MULA, E, NO FUNDO, FOI A SUA CORAGEM QUE FEZ TODA A DIFERENÇA.”

ZÉ DAS NEVES SORRIU, SENTINDO-SE MAIS TRANQUILO. “OBRIGADO, NHÔ BARBINO. VOU LEMBRAR DESSA HISTÓRIA E ENFRENTAR MEUS DESAFIOS COM A MESMA CORAGEM.”

NHÔ BARBINO, SATISFEITO, DEU UM TAPINHA NO OMBRO DO ZÉ DAS NEVES. “ISSO AÍ, RAPAZ. SEMPRE QUE O MEDO APARECER, LEMBRE-SE QUE VOCÊ TEM A FORÇA PRA ENFRENTÁ-LO. AGORA, VAMOS DAR UM DESCANSO PRO CAVALO E CONTINUAR NOSSA JORNADA.”

E ASSIM, COM O ÂNIMO RENOVADO, ZÉ DAS NEVES E NHÔ BARBINO SEGUIRAM EM FRENTE, SABENDO QUE A CORAGEM E A ASTÚCIA PODEM VENCER ATÉ OS MAIORES MEDOS.

 

 

 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 19/07/2024
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