ERA UMA VEZ NO SERTÃO
NO INFINITO E SECO SERTÃO, HAVIA UM MAR INVISÍVEL. EM CADA MARGEM DESSE MAR, SENTAVAM-SE NHÔ LAMPIÃO E NHÁ MARIA BONITA, DOIS CORAÇÕES APAIXONADOS, MAS SEPARADOS PELA DISTÂNCIA E PELO DESTINO.
SENTADOS EM SUAS CADEIRAS DE BALANÇO, NHÔ LAMPIÃO E NHÁ MARIA BONITA TROCAVAM OLHARES E PALAVRAS DE AMOR, COMO SE O MAR QUE OS SEPARAVA NÃO EXISTISSE.
— NHÔ LAMPIÃO, POR QUE O SERTÃO É TÃO VASTO E SECO? — PERGUNTOU NHÁ MARIA BONITA, COM UM SORRISO MELANCÓLICO.
— AH, MINHA BELA MARIA BONITA, O SERTÃO É GRANDE, MAS O NOSSO AMOR É MAIOR. E É NO NOSSO AMOR QUE ENCONTRAMOS ÁGUA PARA SACIAR NOSSA SEDE — RESPONDEU NHÔ LAMPIÃO, AJEITANDO SEU CHAPÉU DE COURO.
O NAMORO PROLONGADO ERA UM CONSOLO PARA O TEMPO DE ESPERA, ENQUANTO O REI DO SERTÃO, NHÔ LAMPIÃO, SEGUIA SUAS AVENTURAS. MAS O TEMPO PASSAVA, E A SAUDADE CRESCIA NO CORAÇÃO DE NHÁ MARIA BONITA.
UMA NOITE, ENQUANTO A LUA CHEIA ILUMINAVA O SERTÃO, NHÁ MARIA BONITA DECIDIU QUE NÃO PODIA MAIS ESPERAR. ELA SE LEVANTOU DA CADEIRA DE BALANÇO, OLHOU PARA O HORIZONTE E DECLAROU:
— NHÔ LAMPIÃO, VOU PARTIR EM BUSCA DE UM PASSARINHO VERDE DE RARA BELEZA. MEU CORAÇÃO NÃO SUPORTA MAIS A DISTÂNCIA. VOU ENCONTRÁ-LO E, COM ELE, TRAZER DE VOLTA A ALEGRIA QUE NOSSO AMOR MERECE.
NHÔ LAMPIÃO, SURPRESO, MAS COMPREENSIVO, RESPONDEU:
— MINHA RAINHA, SE É ISSO QUE SEU CORAÇÃO DESEJA, EU NÃO POSSO IMPEDIR. VÁ, ENCONTRE ESSE PASSARINHO VERDE E TRAGA-O PARA NÓS. MAS LEMBRE-SE, ESTAREI SEMPRE AQUI, ESPERANDO POR VOCÊ.
NHÁ MARIA BONITA SORRIU, COM LÁGRIMAS NOS OLHOS, E PARTIU PELO SERTÃO EM BUSCA DO PASSARINHO VERDE. A JORNADA FOI LONGA E CHEIA DE DESAFIOS, MAS O AMOR EM SEU CORAÇÃO A GUIAVA.
CERTA TARDE, ENQUANTO DESCANSAVA À SOMBRA DE UM MANDACARU, ELA OUVIU UM CANTO MELODIOSO. AO SEGUIR O SOM, ENCONTROU UM PEQUENO PASSARINHO VERDE, DE PENAS BRILHANTES E OLHOS CURIOSOS.
— VOCÊ É O PASSARINHO QUE EU PROCURAVA? — PERGUNTOU NHÁ MARIA BONITA, COM ESPERANÇA NA VOZ.
O PASSARINHO, COM UM BRILHO NOS OLHOS, RESPONDEU:
— SIM, SOU EU. E ESTOU AQUI PARA LEVAR VOCÊ DE VOLTA AO SEU AMOR.
COM O PASSARINHO VERDE EM SUAS MÃOS, NHÁ MARIA BONITA RETORNOU AO SERTÃO. AO CHEGAR, ENCONTROU NHÔ LAMPIÃO AINDA SENTADO EM SUA CADEIRA DE BALANÇO, ESPERANDO POR ELA.
— NHÔ LAMPIÃO, VOLTEI! E TROUXE COMIGO O PASSARINHO VERDE. NOSSO AMOR SERÁ AINDA MAIS FORTE E BELO — DISSE NHÁ MARIA BONITA, COM ALEGRIA NO CORAÇÃO.
NHÔ LAMPIÃO, EMOCIONADO, ABRIU OS BRAÇOS E A RECEBEU DE VOLTA. O PASSARINHO VERDE, AGORA LIVRE, VOOU PARA O ALTO, DEIXANDO UM RASTRO DE BRILHO NO CÉU DO SERTÃO.
E ASSIM, NHÔ LAMPIÃO E NHÁ MARIA BONITA CONTINUARAM SEU NAMORO, SENTADOS EM SUAS CADEIRAS DE BALANÇO, AGORA UNIDOS POR UM AMOR AINDA MAIS FORTE, EMBALADO PELO CANTO DO PASSARINHO VERDE.
E NO SERTÃO, ONDE O MAR ERA INVISÍVEL, O AMOR SE TORNOU VISÍVEL E ETERNO.