Contos doTio-Avô
Saulo Piva Romero
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ERA UMA NOITE ESCURA E SILENCIOSA NO CASTELO DOS MISTÉRIOS, ONDE FLAMARION, O FANTASMA DE CABELOS LONGOS E ESVOAÇANTES, FLUTUAVA PELOS CORREDORES SOMBRIOS COM SUAS MÃOS PENDENTES E TRAJES BRANCOS. ABANDONADO E SOLITÁRIO, FLAMARION ERA CONHECIDO POR ASSUSTAR AS CRIANÇAS DA VILA PRÓXIMA, APARECENDO REPENTINAMENTE E SOLTANDO GRITOS ASSUSTADORES.

 

NO ENTANTO, NAS ÚLTIMAS NOITES, ALGO ESTRANHO ACONTECIA COM FLAMARION. ELE TINHA SONHOS PERTURBADORES EM QUE UM MORCEGO VINHA MORDÊ-LO NO PESCOÇO E PUXAVA SEUS PÉS. ACORDAVA SEMPRE SOBRESSALTADO, SENTINDO UM PROFUNDO DESAMPARO.

 

— POR QUE ESSES SONHOS HORRÍVEIS? — FLAMARION MURMURAVA PARA SI MESMO ENQUANTO FLUTUAVA PELA TORRE DO CASTELO. — SERÁ QUE ESTOU SENDO PUNIDO POR ASSUSTAR AS CRIANÇAS?

 

UMA NOITE, ENQUANTO FLAMARION REFLETIA SOBRE SEUS SONHOS, OUVIU UM SOM DE ASAS BATENDO RAPIDAMENTE. AO SE VIRAR, VIU UM PEQUENO MORCEGO PRETO QUE POUSOU EM SEU OMBRO.

 

— OLÁ, FANTASMA FLAMARION! — DISSE O MORCEGO COM UMA VOZ SURPREENDENTEMENTE AMIGÁVEL. — MEU NOME É BARTOLOMEU. PARECE QUE VOCÊ ANDA TENDO SONHOS PERTURBADORES, NÃO É?

 

— SIM, BARTOLOMEU, ESTOU ATORMENTADO POR ESSES SONHOS TERRÍVEIS. POR QUE VOCÊ VEM ME MORDER NO PESCOÇO E PUXAR MEUS PÉS?

 

— AH, FLAMARION, ESSES SONHOS SÃO FRUTO DA SUA PRÓPRIA IMAGINAÇÃO. — BARTOLOMEU RIU SUAVEMENTE. — VOCÊ ESTÁ ARREPENDIDO DE ASSUSTAR AS CRIANÇAS E SUA MENTE ESTÁ CRIANDO ESSES PESADELOS.

 

— ARREPENDIDO? — FLAMARION FLUTUOU NERVOSAMENTE. — TALVEZ VOCÊ TENHA RAZÃO. EU NÃO QUERIA FAZER MAL A NINGUÉM, APENAS ME SINTO TÃO SOLITÁRIO...

 

BARTOLOMEU OLHOU PARA O FANTASMA COM SIMPATIA.

 

— TALVEZ SEJA HORA DE MUDAR, FLAMARION. AO INVÉS DE ASSUSTAR AS CRIANÇAS, POR QUE NÃO TENTA SER AMIGO DELAS?

 

FLAMARION PONDEROU POR UM MOMENTO E DECIDIU SEGUIR O CONSELHO DO MORCEGO. NO DIA SEGUINTE, ELE SE APROXIMOU DA VILA, MAS DESSA VEZ, SEM A INTENÇÃO DE ASSUSTAR NINGUÉM. VIU UM GRUPO DE CRIANÇAS BRINCANDO NO PARQUE E DECIDIU FAZER UMA TENTATIVA.

 

— OLÁ, CRIANÇAS! — DISSE FLAMARION, FLUTUANDO DEVAGAR, COM UM SORRISO TÍMIDO NO ROSTO PÁLIDO. — POSSO BRINCAR COM VOCÊS?

 

AS CRIANÇAS, INICIALMENTE ASSUSTADAS, PERCEBERAM QUE O FANTASMA NÃO QUERIA FAZER MAL. LOGO, ESTAVAM RINDO E BRINCANDO COM FLAMARION, QUE USAVA SEUS PODERES PARA CRIAR TRUQUES MÁGICOS E ENGRAÇADOS, COMO FAZER FOLHAS FLUTUAREM E FORMAR FIGURAS NO AR.

 

NO FINAL DO DIA, FLAMARION SENTIU UMA FELICIDADE QUE NUNCA TINHA EXPERIMENTADO ANTES. AO VOLTAR PARA O CASTELO, ENCONTROU BARTOLOMEU ESPERANDO POR ELE.

 

— ENTÃO, COMO FOI? — PERGUNTOU O MORCEGO.

 

— FOI INCRÍVEL! — RESPONDEU FLAMARION, RADIANTE. — NUNCA ME SENTI TÃO FELIZ.

 

— VIU? SER AMIGO É MUITO MAIS RECOMPENSADOR DO QUE ASSUSTAR. — DISSE BARTOLOMEU COM UM SORRISO.

 

DAQUELE DIA EM DIANTE, FLAMARION NUNCA MAIS TEVE OS SONHOS PERTURBADORES. ELE SE TORNOU O AMIGO FANTASMAGÓRICO DAS CRIANÇAS, USANDO SEUS PODERES PARA TRAZER ALEGRIA E DIVERSÃO. E ASSIM, O FANTASMA QUE ANTES ERA SOLITÁRIO E ARREPENDIDO ENCONTROU A FELICIDADE ATRAVÉS DA AMIZADE E DO AMOR.

 

E TODAS AS NOITES, AO FLUTUAR PELO CASTELO DOS MISTÉRIOS, FLAMARION SORRIA AO LEMBRAR DE COMO SUA VIDA HAVIA MUDADO GRAÇAS AO CONSELHO SÁBIO DE UM PEQUENO MORCEGO CHAMADO BARTOLOMEU.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 13/07/2024
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