RICARDO, UM MARINHEIRO CORAJOSO E EXPERIENTE, NAVEGAVA PELAS ÁGUAS DO ATLÂNTICO, SEMPRE À PROCURA DE NOVAS AVENTURAS. ERA UM HOMEM DE PELE BRONZEADA PELO SOL E OLHOS QUE BRILHAVAM COM A PROMESSA DE NOVAS DESCOBERTAS. NUMA NOITE ESCURA E SEM LUA, ENQUANTO O SEU NAVIO ANCORAVA PRÓXIMO AO PICO, LOCALIZADO NO MORRO DE MESMO NOME, ELE OUVIU UMA MELODIA DOCE E HIPNOTIZANTE.
CURIOSO E SEM SABER DO PERIGO, RICARDO DESEMBARCOU E SEGUIU A VOZ. LÁ, NO TOPO DO MORRO, ELE ENCONTROU UMA MULHER DESLUMBRANTE. ALTA, DE PELE ALVA, CABELOS LOIROS E OLHOS CINTILANTES, A MULHER SE APRESENTAVA COMO ALAMOA.
— BOA NOITE, MARINHEIRO — SAUDOU ALAMOA COM UM SORRISO ENCANTADOR. — O QUE TE TRAZ A ESTAS PARAGENS?
RICARDO, JÁ ENFEITIÇADO, RESPONDEU SEM HESITAR:
— BOA NOITE, BELA DAMA. FUI ATRAÍDO POR SUA VOZ ENCANTADORA. QUEM É VOCÊ?
— SOU ALAMOA, E VIVO AQUI NO PICO. VENHA, VOU TE MOSTRAR ALGO QUE NUNCA VIU ANTES.
SEM PENSAR DUAS VEZES, RICARDO A SEGUIU. A CADA PASSO, A MELODIA DE ALAMOA SE TORNAVA MAIS IRRESISTÍVEL, E O MARINHEIRO SENTIA QUE NÃO PODIA FAZER OUTRA COISA SENÃO SEGUI-LA. OS 323 METROS DO MORRO PARECIAM UMA ESCALADA FÁCIL COM A BELA MULHER À FRENTE.
FINALMENTE, CHEGARAM AO TOPO. RICARDO, OFEGANTE, OLHOU AO REDOR E VIU A PAISAGEM DESLUMBRANTE. MAS, QUANDO SE VIROU PARA ALAMOA, SEU CORAÇÃO GELOU. ELA NÃO ERA MAIS A BELA MULHER QUE O HAVIA ENCANTADO, MAS UMA CAVEIRA ASSUSTADORA, COM OLHOS VAZIOS E UM SORRISO SOMBRIO.
— AGORA, VOCÊ SERÁ MEU PRISIONEIRO PARA SEMPRE! — GRITOU A ALAMOA, ESTENDENDO SUAS MÃOS ESQUELÉTICAS EM DIREÇÃO AO MARINHEIRO.
RICARDO TENTOU FUGIR, MAS ESTAVA PARALISADO DE MEDO. FOI ENTÃO QUE UMA TEMPESTADE COMEÇOU A SE FORMAR NO HORIZONTE. RELÂMPAGOS CORTAVAM O CÉU, ILUMINANDO O TOPO DO MORRO. A CADA RAIO, ALAMOA RECUAVA, GRITANDO DE DOR.
— NÃO, A LUZ! EU NÃO SUPORTO A LUZ! — BERROU A CAVEIRA, TENTANDO SE ESCONDER NA ESCURIDÃO.
RICARDO, PERCEBENDO QUE ESSA ERA SUA CHANCE, COMEÇOU A CORRER NA DIREÇÃO OPOSTA. MAS ALAMOA AINDA ESTAVA ATRÁS DELE, DETERMINADA A NÃO DEIXÁ-LO ESCAPAR. EM UM ÚLTIMO ESFORÇO DESESPERADO, ELE SE JOGOU DO PICO E COMEÇOU A NADAR PARA LONGE.
A TEMPESTADE RUGIA AO SEU REDOR, E CADA RELÂMPAGO QUE ILUMINAVA O CÉU DAVA A RICARDO UM NOVO FÔLEGO. FINALMENTE, DEPOIS DO QUE PARECEU UMA ETERNIDADE, ELE ALCANÇOU O NAVIO. COM A AJUDA DE SEUS COMPANHEIROS, CONSEGUIU SUBIR A BORDO, EXAUSTO, MAS A SALVO.
— O QUE ACONTECEU, RICARDO? — PERGUNTOU UM DOS MARINHEIROS, AJUDANDO-O A SE SE LEVANTAR.
— FOI A ALAMOA... ELA QUASE ME PEGOU. MAS OS RAIOS A FIZERAM RECUAR. ELA NÃO SUPORTA A LUZ! — EXPLICOU RICARDO, AINDA OFEGANTE.
O CAPITÃO DO NAVIO, UM HOMEM SÁBIO E EXPERIENTE, OLHOU PARA O CÉU E DEPOIS PARA RICARDO.
— VOCÊ TEVE SORTE, MEU AMIGO. AGORA SABEMOS COMO ENFRENTAR ESSA CRIATURA. VAMOS MANTER DISTÂNCIA DESSE MORRO E NAVEGAR PARA LONGE DAQUI.
E ASSIM FIZERAM. O NAVIO SEGUIU SEU CURSO, E RICARDO, MESMO CANSADO, ESTAVA ALIVIADO POR TER ESCAPADO. A LENDA DE ALAMOA E SUA FRAQUEZA PARA A LUZ DOS RAIOS SE ESPALHOU ENTRE OS MARINHEIROS, E NENHUM OUTRO OUSOU DESAFIAR O MORRO DO PICO NOVAMENTE.
E ASSIM, A CORAGEM DE RICARDO E A FORÇA DA NATUREZA QUEBRARAM O FEITIÇO DA ALAMOA, DEIXANDO UMA LIÇÃO ETERNA PARA TODOS OS QUE NAVEGASSEM POR AQUELAS ÁGUAS PERIGOSAS.
---