ERA UMA MANHÃ ENSOLARADA EM BRAZÓPOLIS, UMA CIDADEZINHA ACONCHEGANTE E CHARMOSA ENCRAVADA NAS MONTANHAS DE MINAS GERAIS. AS RUAS ERAM FEITAS DE PARALELEPÍPEDOS ANTIGOS, LADEADAS POR CASAS COLORIDAS COM JANELAS ADORNADAS DE FLORES. O CHEIRO DE CAFÉ FRESCO PAIRAVA NO AR, MISTURADO COM O AROMA DOS PÃES DE QUEIJO SAINDO DO FORNO DAS PADARIAS LOCAIS. A PRACINHA CENTRAL ERA O CORAÇÃO DA CIDADE, COM SEU CORETO, BANCOS DE MADEIRA E UMA FONTE QUE ATRAÍA CRIANÇAS E POMBOS.

NO MEIO DESSA PAISAGEM ENCANTADORA, UMA FIGURA CURIOSA SE DESTACAVA: TITIO GUZMÁN, UM SENHOR DE CABELOS GRISALHOS, BIGODE E SORRISO SEMPRE ESTAMPADO NO ROSTO. MAS O QUE REALMENTE CHAMAVA A ATENÇÃO ERA SUA INSEPARÁVEL LAMBRETA VELHA. A LAMBRETA, PINTADA DE UM MARROM METALIZADO E ERA CHEIA DE ADESIVOS E MARCAS DO TEMPO, CADA UMA CONTANDO UMA HISTÓRIA DAS AVENTURAS DE GUZMÁN.

TITIO GUZMÁN ERA CONHECIDO POR SUAS HISTÓRIAS MIRABOLANTES, E TODOS EM BRAZÓPOLIS AGUARDAVAM ANSIOSAMENTE O PRÓXIMO CAPÍTULO DAS SUAS PERIPÉCIAS. ELE ERA O ESPÍRITO AVENTUREIRO DA CIDADE, SEMPRE INVENTANDO MODA COM SUA LAMBRETA. E FOI NUMA DESSAS MANHÃS ENSOLARADAS QUE COMEÇOU MAIS UMA DE SUAS AVENTURAS.

— UAI, SÔ! HOJE A GENTE VAI DESBRAVAR A SERRA DO LOPO, LAMBRETA QUERIDA! — DISSE GUZMÁN, ACARICIANDO O GUIDÃO DA LAMBRETA COMO SE ELA PUDESSE OUVI-LO.

A VIZINHA, DONA ZEFA, OBSERVAVA A CENA COM UM SORRISO NOS LÁBIOS.

— TITIO GUZMÁN, OCÊ NÃO TEM MEDO DE SE PERDER NESSES MATOS, NÃO? — PERGUNTOU ELA, FRANZINDO A TESTA PREOCUPADA.

— QUE NADA, DONA ZEFA! TENHO O MAPA DA MINHA INTUIÇÃO E A COMPANHIA DA MINHA VALENTE LAMBRETA. PODE DEIXAR QUE NÓIS DÁ UM JEITO! — RESPONDEU ELE, PISCANDO O OLHO E COLOCANDO O CAPACETE.

E LÁ FOI TITIO GUZMÁN, ZIGUEZAGUEANDO PELAS RUAS DE BRAZÓPOLIS, CUMPRIMENTANDO TODO MUNDO COM ACENOS E PIADAS. AS CRIANÇAS CORRIAM PARA VÊ-LO PASSAR, RINDO E IMAGINANDO QUE AVENTURAS ELE VIVERIA NAQUELE DIA. O BARULHO DO MOTOR DA LAMBRETA ECOAVA PELA CIDADE, UM SOM FAMILIAR QUE TODOS APRENDERAM A AMAR.

AO CHEGAR À ENTRADA DA SERRA DO LOPO, GUZMÁN PAROU A LAMBRETA E RESPIROU FUNDO O AR PURO DAS MONTANHAS.

— BORA LÁ, LAMBRETA! A GENTE TEM MUITO CHÃO PELA FRENTE! — EXCLAMOU ELE, GIRANDO O ACELERADOR.

A ESTRADA ERA CHEIA DE CURVAS E SURPRESAS, MAS TITIO GUZMÁN E SUA LAMBRETA ENFRENTAVAM CADA DESAFIO COM CORAGEM E BOM HUMOR. EM CERTO PONTO, ENCONTRARAM UMA PONTE VELHA DE MADEIRA, RANGENDO A CADA PASSO.

— EITA, NÓS! SERÁ QUE AGUENTA? — MURMUROU GUZMÁN, OLHANDO PARA A PONTE COM DESCONFIANÇA. MAS ELE NÃO ERA DE DESISTIR FÁCIL.

COM UM SORRISO MAROTO, ELE DEU UM LEVE TOQUE NO ACELERADOR E A LAMBRETA AVANÇOU, RANGENDO JUNTO COM A PONTE, MAS ATRAVESSANDO SEGURA E FIRME.

MAIS ADIANTE, SE DEPARARAM COM UMA FAMÍLIA DE MACAQUINHOS CURIOSOS, QUE FICARAM FASCINADOS COM A LAMBRETA. GUZMÁN PAROU PARA OBSERVÁ-LOS E ATÉ CONVERSOU UM POUCO COM OS BICHINHOS.

— UAI, SÔ! CÊS TÃO TUDO BÃO? QUEREM DAR UMA VOLTINHA NA LAMBRETA DO TITIO? — BRINCOU ELE, ARRANCANDO RISADAS DOS MACAQUINHOS QUE PULAVAM DE GALHO EM GALHO.

A CADA PARADA, GUZMÁN FAZIA NOVOS AMIGOS, CONTAVA HISTÓRIAS E COMPARTILHAVA RISADAS. AO FINAL DO DIA, JÁ COM O SOL SE PONDO, ELE VOLTOU PARA BRAZÓPOLIS, CANSADO, MAS FELIZ.

NA PRACINHA, OS MORADORES JÁ O ESPERAVAM, CURIOSOS PARA SABER COMO TINHA SIDO A AVENTURA.

— E AÍ, TITIO GUZMÁN, COMO FOI? — PERGUNTOU O SEU JOÃO, DONO DA VENDA.

— AH, FOI UM DIA DAQUELES, SEU JOÃO! TEVE PONTE VELHA, MACAQUINHO E MUITA RISADA! — RESPONDEU GUZMÁN, ENQUANTO DESCIA DA LAMBRETA E TIRAVA O CAPACETE.

AS CRIANÇAS SE AGLOMERARAM AO REDOR DELE, OS OLHOS BRILHANDO DE EXPECTATIVA.

— CONTA MAIS, TITIO! CONTA MAIS!

E ASSIM, TITIO GUZMÁN SENTOU-SE NUM BANCO DA PRACINHA E COMEÇOU A NARRAR SUAS AVENTURAS DO DIA, ENCHENDO A NOITE DE BRAZÓPOLIS COM RISADAS E HISTÓRIAS FANTÁSTICAS. E A VELHA LAMBRETA, FIEL COMPANHEIRA, DESCANSAVA AO SEU LADO, PRONTA PARA A PRÓXIMA JORNADA.