EM SÃO TOMÉ DAS LETRAS, UMA CIDADE ENCANTADORA DE MINAS GERAIS, VIVIA UMA MOCINHA CHAMADA MONALISA. MONALISA ERA CONHECIDA POR SUAS CARAMINHOLAS, AQUELAS IDEIAS MALUCAS QUE ENCHIAM SUA CABEÇA E DAVAM UM TEMPERO ESPECIAL À SUA VIDA. ELA NÃO LIGAVA PARA AS OPINIÕES ALHEIAS, NEM SE COMPARAVA COM NINGUÉM. PARA MONALISA, TUDO COMEÇAVA E TERMINAVA COM ELA MESMA.
CERTA MANHÃ, MONALISA ESTAVA SENTADA EM SUA VARANDA, OLHANDO PARA O CÉU AZUL E PENSANDO NAS CARAMINHOLAS QUE POVOAVAM SUA MENTE. ELA SUSPIROU E DISSE EM VOZ ALTA:
— UAI, SÔ! QUEM NÃO TEM CARAMINHOLAS NA CABEÇA? EU SOU CHEIA DELAS! E É JUSTAMENTE POR AMAR CADA DEFEITO, CADA MEDO E CADA INSEGURANÇA QUE SOU ASSIM, TODA AUTÊNTICA.
MONALISA ERA ASSIM MESMO. QUANDO ALGUÉM COMEÇAVA A FALAR DE OUTRAS PESSOAS, ELA SIMPLESMENTE SE LEVANTAVA DA RODA OU SE COLOCAVA NO CENTRO DA CONVERSA PARA FALAR SOBRE SI MESMA. E, OLHA, COMO ELA GOSTAVA DE FALAR!
NAQUELA TARDE, MONALISA ESTAVA ESPECIALMENTE PREOCUPADA COM UMA CARAMINHOLA ESPECÍFICA. ELA SE PEGAVA ANDANDO DE UM LADO PARA O OUTRO, BALANÇANDO A CABEÇA E MURMURANDO:
— AI, MEU DEUS, E AGORA? O QUE EU FAÇO COM ESSA CARAMINHOLA NA CABEÇA?
CURIOSA E CHEIA DE ENERGIA, MONALISA DECIDIU DAR UMA VOLTA PELO CENTRO DA CIDADE PARA VER SE CONSEGUIA ENCONTRAR UMA SOLUÇÃO PARA SUA PREOCUPAÇÃO. CAMINHANDO PELAS RUAS DE PEDRA, ELA ENCONTROU DONA CHICA, A VENDEDORA DE DOCES MAIS FAMOSA DA CIDADE.
— BOM DIA, DONA CHICA! — CUMPRIMENTOU MONALISA, COM UM SORRISO.
— BOM DIA, MONALISA! — RESPONDEU DONA CHICA. — OCÊ TÁ COM UMA CARA DE QUEM TÁ CHEIA DE CARAMINHOLAS HOJE, HEIN?
— E TÔ MESMO, DONA CHICA. TÔ COM UMA CARAMINHOLA DANADA NA CABEÇA E NÃO SEI O QUE FAZER COM ELA.
DONA CHICA RIU E OFERECEU UM DOCE DE LEITE PARA MONALISA.
— SABE, MENINA, ÀS VEZES UM DOCINHO AJUDA A ACALMAR A MENTE. MAS ME CONTA, QUAL É ESSA CARAMINHOLA QUE TÁ TE PREOCUPANDO TANTO?
MONALISA DEU UMA MORDIDA NO DOCE E SUSPIROU.
— EU TÔ PENSANDO EM FAZER UMA FESTA AQUI EM SÃO TOMÉ DAS LETRAS, MAS TENHO MEDO DE QUE NINGUÉM APAREÇA. E SE A FESTA FOR UM FRACASSO? EU VOU FICAR MUITO CHATEADA, SABE?
DONA CHICA SORRIU E COLOCOU A MÃO NO OMBRO DE MONALISA.
— Ô, MINHA FILHA, NÃO ESQUENTA COM ISSO. QUEM É AMIGO DE VERDADE VAI APARECER. E SE NÃO APARECEREM, PELO MENOS OCÊ TENTOU. E AINDA VAI TER DOCE DE LEITE PRA COMER SOZINHA, UAI!
MONALISA RIU ALTO E SE SENTIU UM POUCO MAIS LEVE. ELA AGRADECEU A DONA CHICA E CONTINUOU SEU PASSEIO PELA CIDADE. ENQUANTO CAMINHAVA, ENCONTROU SEU AMIGO ZÉ, UM MÚSICO TALENTOSO QUE SEMPRE TINHA UMA PALAVRA DE SABEDORIA.
— Ô ZÉ, CÊ TEM UM MINUTINHO? — PERGUNTOU MONALISA.
— CLARO, MONALISA! O QUE FOI?
— TÔ COM UMA CARAMINHOLA NA CABEÇA E PRECISO DE UM CONSELHO.
ZÉ PEGOU SEU VIOLÃO E COMEÇOU A DEDILHAR UMA MELODIA SUAVE.
— FALA AÍ, MENINA, QUAL É A PREOCUPAÇÃO?
MONALISA EXPLICOU SEU PLANO DE FAZER UMA FESTA E SEU MEDO DE QUE NINGUÉM APARECESSE.
— SABE, MONALISA — DISSE ZÉ, OLHANDO PARA ELA COM CARINHO —, A VIDA É CHEIA DE INCERTEZAS. MAS SE A GENTE NÃO ARRISCA, NUNCA VAI SABER O QUE PODE ACONTECER. E, AFINAL, OCÊ NÃO É AQUELA QUE SEMPRE DIZ QUE AMA CADA DEFEITO E CADA MEDO?
MONALISA SORRIU, SENTINDO-SE ENCORAJADA PELAS PALAVRAS DO AMIGO.
— UAI, ZÉ, CÊ TEM RAZÃO. EU VOU FAZER ESSA FESTA SIM, E SEJA O QUE DEUS QUISER!
E ASSIM, COM UMA CARAMINHOLA A MENOS NA CABEÇA, MONALISA VOLTOU PARA CASA DETERMINADA A ORGANIZAR A MELHOR FESTA QUE SÃO TOMÉ DAS LETRAS JÁ VIU. AFINAL, ELA ERA UMA MOCINHA CHEIA DE CARAMINHOLAS, MAS TAMBÉM CHEIA DE CORAGEM E AUTENTICIDADE.
NA NOITE DA FESTA, A CIDADE INTEIRA APARECEU. AS PESSOAS DANÇARAM, RIRAM E SE DIVERTIRAM. MONALISA PERCEBEU QUE, NO FINAL DAS CONTAS, SUAS CARAMINHOLAS ERAM APENAS PARTE DO QUE A TORNAVA ESPECIAL. E, ENQUANTO OLHAVA PARA TODOS SE DIVERTINDO, ELA PENSOU:
— ORA, SÔ, VIVER É ISSO MESMO. A GENTE CAI, LEVANTA, APRENDE E SEGUE EM FRENTE. E, NO FIM DAS CONTAS, CADA CARAMINHOLA TEM SEU VALOR.