O SAPO E A COBRA

ERA UMA VEZ, EM UMA FLORESTA ENCANTADA, UM SAPINHO CHAMADO TADEU E UMA COBRINHA CHAMADA SERAFINA. DESDE PEQUENOS, TADEU E SERAFINA ERAM GRANDES AMIGOS, APESAR DAS ADVERTÊNCIAS CONSTANTES DE SUAS MÃES.

— TADEU, VOCÊ NÃO PODE BRINCAR COM A SERAFINA — DIZIA DONA SAPA. — ELA É UMA COBRA, E COBRAS SÃO PERIGOSAS PARA SAPOS!

— SERAFINA, QUERIDA, SAPOS SÃO NOSSOS INIMIGOS NATURAIS — ALERTAVA DONA COBRA. — VOCÊ NÃO DEVE CONFIAR NELES.

MAS TADEU E SERAFINA RIAM E IGNORAVAM OS CONSELHOS. JUNTOS, ELES EXPLORAVAM A FLORESTA, PULANDO EM POÇAS D'ÁGUA E DESLIZANDO PELO MATO. UM DIA, TADEU PERGUNTOU:

— SERAFINA, POR QUE NOSSAS MÃES DIZEM QUE NÃO PODEMOS SER AMIGOS?

SERAFINA, ENROLADA EM UM GALHO, RESPONDEU:

— NÃO SEI, TADEU. TALVEZ ELAS SEJAM APENAS VELHAS E RABUGENTAS.

OS DOIS RIRAM TANTO QUE ACORDARAM OS PASSARINHOS NAS ÁRVORES.

OS ANOS PASSARAM, E TADEU E SERAFINA CRESCERAM. A VIDA OS AFASTOU, COMO COSTUMA ACONTECER. UM DIA, TADEU ESTAVA PULANDO ALEGREMENTE PELA FLORESTA QUANDO OUVIU UM SUSSURRO ATRÁS DE UMA MOITA.

— AHÁ! — SIBILOU SERAFINA, QUE AGORA ERA UMA COBRA ADULTA E MUITO ASTUTA. — OLHA SÓ O QUE EU ENCONTREI!

TADEU CONGELOU DE MEDO.

— SERAFINA, É VOCÊ? — PERGUNTOU ELE COM A VOZ TRÊMULA. — SOU EU, O TADEU! LEMBRA DE MIM?

SERAFINA, COM SEUS OLHOS PENETRANTES, HESITOU POR UM MOMENTO. ENTÃO, LEMBROU-SE DOS DIAS FELIZES DE SUA INFÂNCIA, DAS BRINCADEIRAS E RISADAS COM SEU AMIGO SAPO.

— CLARO QUE ME LEMBRO DE VOCÊ, TADEU — DISSE ELA SUAVEMENTE. — NÃO SE PREOCUPE, NÃO VOU COMER VOCÊ.

TADEU SUSPIROU DE ALÍVIO E DEU UM PULO PARA TRÁS.

— UFA, VOCÊ ME DEU UM SUSTO! POR UM MOMENTO, ACHEI QUE FOSSE VIRAR O SEU JANTAR.

SERAFINA RIU, O QUE PARECIA MAIS UM SILVO AMIGÁVEL.

— SABE, TADEU, NOSSA AMIZADE FOI MUITO ESPECIAL. MAS, INFELIZMENTE, NÃO PODEMOS MAIS BRINCAR JUNTOS COMO ANTES. SOMOS DIFERENTES DEMAIS, E NOSSOS INSTINTOS SÃO FORTES.

TADEU ASSENTIU, COMPREENDENDO.

— EU SEI, SERAFINA. VOU SENTIR FALTA DAS NOSSAS AVENTURAS. MAS SEMPRE VOU LEMBRAR DE VOCÊ COMO MINHA MELHOR AMIGA.

— E EU DE VOCÊ, TADEU — DISSE SERAFINA COM UM BRILHO NOS OLHOS. — CUIDE-SE, SAPINHO. ATÉ UM DIA, QUEM SABE.

E ASSIM, TADEU E SERAFINA SEGUIRAM SEUS CAMINHOS SEPARADOS. EMBORA NÃO PUDESSEM MAIS BRINCAR JUNTOS, A LEMBRANÇA DE SUA AMIZADE IMPROVÁVEL E DIVERTIDA OS ACOMPANHARIA PARA SEMPRE, MOSTRANDO QUE, ÀS VEZES, AS DIFERENÇAS PODEM SER SUPERADAS PELO CORAÇÃO.