NO CONDADO DE TATABÁNYA, NA HUNGRIA, ONDE O VERÃO É MORNO E O INVERNO É GELADO E CHEIO DE NEVE, VIVE UMA MENINA CHAMADA NICOLE. NICOLE MORAVA COM SUA MÃE E SUA AVÓ EM UMA CASINHA ACONCHEGANTE, COM UM JARDIM REPLETO DE FLORES COLORIDAS NA PRIMAVERA E COBERTO DE NEVE NO INVERNO. O TEMPO POR LÁ ERA SEMPRE DE CÉU PARCIALMENTE ENCOBERTO, E A VIDA NA PEQUENA CIDADE ERA TRANQUILA, EXCETO QUANDO NICOLE ESTAVA POR PERTO.
NICOLE ERA UMA MENINA BONITA, COM CABELOS CASTANHOS E OLHOS VERDES BRILHANTES, MAS TINHA UM CORAÇÃO QUE DEIXAVA MUITO A DESEJAR. AMBICIOSA E DESPEITADA, NICOLE ADORAVA MENOSPREZAR SUAS AMIGAS PARA SE SENTIR SUPERIOR. ELA ERA UMA VERDADEIRA LOBA EM PELE DE OVELHA, UMA FERA COM GARRAS ESCONDIDAS POR LUVAS PERFUMADAS. E QUE LUVAS MISTERIOSAS ERAM AQUELAS!?
TODOS EM TATABÁNYA CONHECIAM AS LUVAS DE NICOLE. ERAM FEITAS DE UM TECIDO FINO E DELICADO, SEMPRE PERFUMADAS COM UM AROMA DOCE E INEBRIANTE. NINGUÉM SABIA DE ONDE VINHAM AQUELAS LUVAS OU POR QUE NICOLE NUNCA AS TIRAVA. DIZIAM AS MÁS LÍNGUAS QUE HAVIA UM SEGREDO ESCONDIDO POR TRÁS DAQUELE PERFUME ENCANTADOR.
CERTA MANHÃ DE INVERNO, NICOLE CAMINHAVA PARA A ESCOLA, SUAS LUVAS PERFUMADAS PROTEGENDO SUAS MÃOS DO FRIO. ELA AVISTOU SUAS AMIGAS, ANA E MARIA, QUE CONVERSAVAM ANIMADAMENTE PERTO DO PORTÃO.
— BOM DIA, MENINAS! — DISSE NICOLE COM UM SORRISO FALSO. — QUE LINDAS BLUSAS DE LÃ! DEVEM TER SIDO BARATAS, NÉ?
ANA E MARIA SE ENTREOLHARAM, SEM SABER COMO RESPONDER À GROSSERIA DISFARÇADA.
— AH, NICOLE... — COMEÇOU ANA, HESITANTE. — NOSSAS MÃES AS FIZERAM COM MUITO CARINHO.
— SIM, CLARO, CARINHO É TUDO O QUE PODEM OFERECER, NÃO É? — RETRUCOU NICOLE, RINDO.
AS MENINAS FICARAM EM SILÊNCIO, MAGOADAS, ENQUANTO NICOLE SE AFASTAVA. NO FUNDO, ELA SABIA QUE SUAS PALAVRAS MACHUCAVAM, MAS O PRAZER DE SE SENTIR SUPERIOR ERA MAIOR.
MAS NAQUELE DIA, ALGO DIFERENTE ACONTECEU. QUANDO NICOLE ENTROU NA SALA DE AULA, A PROFESSORA DONA HELENA ESTAVA ESPERANDO COM UM OLHAR SEVERO.
— NICOLE, PRECISO FALAR COM VOCÊ DEPOIS DA AULA — DISSE ELA FIRMEMENTE.
NICOLE ENGOLIU EM SECO, MAS MANTEVE SUA POSE ARROGANTE. QUANDO A AULA TERMINOU, ELA SE APROXIMOU DA MESA DA PROFESSORA.
— O QUE FOI, DONA HELENA? — PERGUNTOU NICOLE, TENTANDO PARECER DESPREOCUPADA.
— NICOLE, JÁ OUVI VÁRIOS RELATOS SOBRE SEU COMPORTAMENTO COM AS OUTRAS CRIANÇAS. ISSO PRECISA PARAR. VOCÊ SABE O QUE É EMPATIA?
NICOLE REVIROU OS OLHOS.
— EMPATIA? CLARO, PROFESSORA. EU SEI O QUE É. MAS NÃO VEJO COMO ISSO TEM A VER COMIGO.
DONA HELENA SUSPIROU, OLHANDO PARA AS LUVAS DE NICOLE.
— E ESSAS LUVAS, NICOLE? POR QUE NUNCA AS TIRA? — PERGUNTOU CURIOSA.
NICOLE HESITOU POR UM MOMENTO. NINGUÉM SABIA O VERDADEIRO SEGREDO POR TRÁS DAS LUVAS. FINALMENTE, ELA RESOLVEU CONTAR A VERDADE.
— ESSAS LUVAS... SÃO ESPECIAIS. ELAS PERTENCIAM À MINHA BISAVÓ. DIZEM QUE QUEM AS USA, SENTE UM PERFUME QUE REFLETE OS SEUS VERDADEIROS SENTIMENTOS.
DONA HELENA ARQUEOU AS SOBRANCELHAS.
— E QUAL É O SEU VERDADEIRO SENTIMENTO, NICOLE?
NICOLE ABAIXOU OS OLHOS, FINALMENTE PERCEBENDO O QUE ESTAVA DIZENDO.
— ACHO QUE... É O DESEJO DE SER AMADA E ADMIRADA. MAS EU NÃO SEI COMO FAZER ISSO SEM MACHUCAR OS OUTROS.
DONA HELENA SORRIU GENTILMENTE.
— NICOLE, SER AMADA E ADMIRADA COMEÇA COM AMAR E ADMIRAR OS OUTROS. POR QUE NÃO TENTA SER MAIS GENTIL COM SUAS AMIGAS? A VERDADEIRA BELEZA VEM DE DENTRO, E SEI QUE VOCÊ TEM UM BOM CORAÇÃO, MESMO QUE ESTEJA ESCONDIDO ATRÁS DESSAS LUVAS PERFUMADAS.
NAQUELE DIA, ALGO MUDOU EM NICOLE. ELA COMEÇOU A PERCEBER QUE SUAS PALAVRAS TINHAM PODER E QUE PODERIA USÁ-LAS PARA O BEM. AOS POUCOS, NICOLE APRENDEU A SER MAIS GENTIL E A VALORIZAR SUAS AMIGAS, DESCOBRINDO QUE O VERDADEIRO PERFUME DA VIDA É A BONDADE E O RESPEITO.
E ASSIM, NO CONDADO DE TATABÁNYA, NICOLE TORNOU-SE UMA MENINA DIFERENTE. AINDA AMBICIOSA, MAS AGORA, SUAS AMBIÇÕES ERAM DE FAZER O BEM E ESPALHAR ALEGRIA, COM SUAS LUVAS PERFUMADAS SERVINDO COMO UM LEMBRETE DO SEU CRESCIMENTO E TRANSFORMAÇÃO.