NO CORAÇÃO DO DESERTO DO ATACAMA, NO CHILE, VIVIA UMA FAMÍLIA MUITO ESPECIAL: A FAMÍLIA CACTUS. ELES ERAM CONHECIDOS POR SEREM ESPINHENTOS, TANTO NO EXTERIOR QUANTO NO INTERIOR, SEMPRE PRONTOS PARA SE ESPETAREM UNS AOS OUTROS COM SUAS MANIAS E TEIMOSIAS.

ERA VERÃO, E ISSO SIGNIFICAVA UMA COISA: A MIGRAÇÃO DOS FLAMINGOS. ESSES PÁSSAROS COR-DE-ROSA VINHAM DE LONGE PARA O ATACAMA, ONDE PASSAVAM O TEMPO FLERTANDO E EXIBINDO SUAS DANÇAS GRACIOSAS NAS LAGOAS SALGADAS. MAS PARA A FAMÍLIA CACTUS, ESSA ÉPOCA DO ANO ERA SINÔNIMO DE CAOS.

"PAPAI, O SENHOR ESTÁ BLOQUEANDO O SOL COM SEUS ESPINHOS ENORMES!", RECLAMOU CARLITO, O CACTO MAIS JOVEM DA FAMÍLIA.

"EU? O SOL ESTÁ NO MESMO LUGAR DE SEMPRE, CARLITO. VÁ PROCURAR SOMBRA EM OUTRO CANTO!", RESPONDEU O SR. ESPINHO, QUE ERA CONHECIDO POR SEU TEMPERAMENTO CALOROSO.

"QUERIDO, VOCÊ SEMPRE TEM QUE DISCUTIR COM OS MENINOS. JÁ NÃO BASTA O CALOR INSUPORTÁVEL?", RESMUNGOU DONA FLOR, A MÃE CACTO, QUE SEMPRE ESTAVA PREOCUPADA COM A APARÊNCIA DE SUAS FLORES AMARELAS.

ENQUANTO ISSO, A IRMÃ DE CARLITO, ESPINELA, ESTAVA OCUPADA TENTANDO AFASTAR UM GRUPO DE FORMIGAS QUE INSISTIAM EM SUBIR NELA. "ESSAS FORMIGAS SÃO MAIS TEIMOSAS QUE O CARLITO!", RECLAMOU.

"EU OUVI ISSO, ESPINELA!", GRITOU CARLITO, ENQUANTO SE AJEITAVA SOB A SOMBRA DE UMA PEDRA.

UM DIA, DURANTE UMA DAS RARAS CHUVAS NO DESERTO, A ÁGUA COMEÇOU A FORMAR ESPELHOS D’ÁGUA NO SALAR DO UYUNI, CRIANDO UM ESPETÁCULO MAGNÍFICO. O REFLEXO DO CÉU NO CHÃO PARECIA UM PORTAL MÁGICO PARA OUTRO MUNDO. ALÉM DISSO, O MAR DE FLORES COMEÇOU A APARECER, COBRINDO O DESERTO COM UM MANTO COLORIDO DE PÉTALAS DELICADAS.

"OLHEM SÓ PARA ISSO!", EXCLAMOU CARLITO, SEUS OLHOS BRILHANDO DE ENTUSIASMO. "O DESERTO ESTÁ VIVO!"

"É LINDO, NÃO É?", CONCORDOU ESPINELA, PELA PRIMEIRA VEZ ESQUECENDO DE BRIGAR COM O IRMÃO.

"SIM, É MUITO BONITO, MAS CUIDADO COM A LAMA! VOCÊS NÃO QUEREM SE SUJAR!", ALERTOU DONA FLOR, SEMPRE PRÁTICA.

"VAMOS EXPLORAR!", SUGERIU CARLITO, JÁ SE PREPARANDO PARA UMA AVENTURA.

"EXPLORAR? NO MEIO DESSA LAMA? VOCÊS PERDERAM O JUÍZO!", BUFOU SR. ESPINHO, MAS ELE SABIA QUE NADA DETERIA OS PEQUENOS CACTOS QUANDO DECIDIAM ALGO.

E ASSIM, A FAMÍLIA CACTUS PARTIU PARA UMA AVENTURA PELO DESERTO FLORIDO E ESPELHADO. PELO CAMINHO, ENCONTRARAM FLAMINGOS DANÇANDO EM CÍRCULOS, QUE SAUDARAM OS CACTOS COM UM BALÉ COLORIDO.

"QUE ELEGÂNCIA! PRECISAMOS APRENDER A DANÇAR ASSIM!", DISSE ESPINELA, TENTANDO IMITAR UM FLAMINGO, MAS ACABANDO POR SE ENROSCAR EM SEUS PRÓPRIOS ESPINHOS.

CARLITO RIU TANTO QUE QUASE PERDEU O EQUILÍBRIO. "ESPINELA, VOCÊ PARECE UMA BOLA DE ESPINHOS!"

"AH, CARLITO, PELO MENOS ESTOU TENTANDO! VOCÊ DEVERIA TENTAR TAMBÉM!", REBATEU ESPINELA, EMPURRANDO LEVEMENTE O IRMÃO COM UM ESPINHO.

ELES RIRAM E SE DIVERTIRAM, ESQUECENDO MOMENTANEAMENTE DAS BRIGAS E MANIAS. QUANDO A TARDE COMEÇOU A CAIR, O DESERTO FICOU AINDA MAIS BONITO, COM AS CORES DO PÔR DO SOL REFLETIDAS NOS ESPELHOS D’ÁGUA.

"ISSO FOI INCRÍVEL!", DISSE CARLITO, EXAUSTO, MAS FELIZ.

"SIM, FOI MESMO. E SEM MUITAS PICADAS!", ACRESCENTOU ESPINELA.

"TALVEZ DEVÊSSEMOS FAZER ISSO MAIS VEZES", SUGERIU DONA FLOR, APRECIANDO O MOMENTO RARO DE PAZ NA FAMÍLIA.

"E QUEM SABE, PODEMOS APRENDER ALGUMAS NOVAS DANÇAS COM OS FLAMINGOS!", BRINCOU SR. ESPINHO, FAZENDO TODOS RIREM.

E ASSIM, A FAMÍLIA CACTUS DESCOBRIU QUE, APESAR DAS DIFERENÇAS E DOS ESPINHOS, AS AVENTURAS JUNTOS PODIAM SER CHEIAS DE RISOS E MOMENTOS INESQUECÍVEIS. ELES VOLTARAM PARA CASA MAIS UNIDOS DO QUE NUNCA, PRONTOS PARA MAIS UMA RODADA DE BRIGAS DIVERTIDAS E, QUEM SABE, MAIS ALGUMAS AVENTURAS PELO DESERTO ENCANTADO DO ATACAMA.