ERA UMA VEZ, NAS MAJESTOSAS MONTANHAS DO NORTE DO CANADÁ, UMA ÁGUIA CHAMADA ZARCO. ZARCO ERA CONHECIDA POR SUA FORÇA E CORAGEM, DOMINANDO OS CÉUS COM SUAS ASAS IMPONENTES E SEU OLHAR PENETRANTE. TODOS OS ANIMAIS DA FLORESTA A ADMIRAVAM, E SUA LENDA ECOAVA POR TODO O VALE.
UM DIA, ZARCO POUSOU NO TOPO DO MONTE DA RENOVAÇÃO, UM LUGAR SAGRADO PARA TODAS AS ÁGUIAS. ALI, EM MEIO AO SILÊNCIO DAS ALTURAS, ELA TOMOU UMA DECISÃO DIFÍCIL. SABIA QUE PARA VIVER DÉCADAS A MAIS, PRECISAVA PASSAR POR UM DOLOROSO PROCESSO DE RENOVAÇÃO: ARRANCAR SUAS PENAS, BICO E GARRAS, E ESPERAR QUE TUDO CRESCESSE NOVAMENTE.
ENQUANTO ESTAVA LÁ, REFLETINDO SOBRE SUA DECISÃO, UM SÁBIO CORVO CHAMADO CORVINO POUSOU AO SEU LADO.
— ZARCO, VOCÊ REALMENTE VAI PASSAR POR ISSO? — PERGUNTOU CORVINO, COM CURIOSIDADE E PREOCUPAÇÃO EM SUA VOZ.
— SIM, CORVINO. SEI QUE É UM PROCESSO DOLOROSO, MAS PRECISO ME RENOVAR PARA CONTINUAR FORTE E SAUDÁVEL — RESPONDEU ZARCO, COM DETERMINAÇÃO EM SEUS OLHOS.
E ASSIM, COM UM ÚLTIMO OLHAR PARA O VALE ABAIXO, ZARCO COMEÇOU SEU DOLOROSO RITUAL. COM CORAGEM, ARRANCOU UMA A UMA SUAS PENAS, QUE SE ESPALHARAM PELO VENTO. DEPOIS, COM GRANDE ESFORÇO, QUEBROU SEU BICO E SUAS GARRAS. A DOR ERA INTENSA, MAS ZARCO SABIA QUE ERA UM PASSO NECESSÁRIO.
OS DIAS PASSARAM DEVAGAR, E ZARCO PERMANECEU NO ALTO DO MONTE, VULNERÁVEL E FRACA. OS ANIMAIS DA FLORESTA OBSERVAVAM DE LONGE, TORCENDO PELA RECUPERAÇÃO DA ÁGUIA CORAJOSA. O TEMPO PASSOU E, LENTAMENTE, SUAS PENAS COMEÇARAM A CRESCER NOVAMENTE, MAIS FORTES E BRILHANTES DO QUE ANTES. SEU BICO E GARRAS TAMBÉM VOLTARAM, AFIADOS E PODEROSOS.
CERTO DIA, ENQUANTO ZARCO AINDA SE RECUPERAVA, UM VEADO CHAMADO VIVALDO SUBIU A MONTANHA PARA VISITÁ-LA.
— ZARCO, TODOS ESTAMOS ADMIRADOS COM SUA CORAGEM. VOCÊ É UM EXEMPLO PARA TODOS NÓS — DISSE VIVALDO, COM RESPEITO EM SUA VOZ.
— OBRIGADA, VIVALDO. A DOR FOI GRANDE, MAS A RECOMPENSA SERÁ MAIOR. ESTOU QUASE PRONTA PARA VOLTAR A VOAR — RESPONDEU ZARCO, COM UM SORRISO.
LOGO DEPOIS, ZARCO ESTAVA PRESTES A REALIZAR SEU PRIMEIRO VOO PÓS-RENOVAÇÃO QUANDO UM CAÇADOR APARECEU NA FLORESTA. ELE, MAL-INTENCIONADO, APONTOU SUA FLECHA PARA ZARCO. NO ENTANTO, ANTES QUE PUDESSE DISPARAR, UM ESQUILO CHAMADO SORRATEIRO, QUE OBSERVAVA TUDO DE UMA ÁRVORE PRÓXIMA, AVISOU ZARCO.
— CUIDADO, ZARCO! — GRITOU SORRATEIRO.
MESMO FERIDA E ENFRAQUECIDA, ZARCO USOU SUAS ÚLTIMAS FORÇAS PARA DESVIAR DA FLECHA, QUE PASSOU RASPANDO SUA ASA. COM UM GRITO DE DOR, ELA CAIU NO CHÃO. MAS, EM VEZ DE DESISTIR, ZARCO SE LEVANTOU, DETERMINADA A LUTAR.
CORVINO, VIVALDO E SORRATEIRO SE UNIRAM PARA AFASTAR O CAÇADOR. CORVINO VOOU EM CÍRCULOS AO REDOR DO HOMEM, DISTRAINDO-O. VIVALDO USOU SEUS CHIFRES PARA EMPURRAR O CAÇADOR, E SORRATEIRO MORDEU O TORNOZELO DO INTRUSO, FAZENDO-O CORRER DE MEDO.
QUANDO A CALMA VOLTOU À FLORESTA, ZARCO ESTAVA EXAUSTA, MAS AINDA MAIS DETERMINADA. COM A AJUDA DE SEUS AMIGOS, ELA SE ERGUEU E OLHOU PARA O HORIZONTE.
— OBRIGADA, AMIGOS. VOCÊS MOSTRARAM QUE A FORÇA VERDADEIRA NÃO ESTÁ APENAS NO CORPO, MAS TAMBÉM NO CORAÇÃO E NA UNIÃO — DISSE ZARCO, COM GRATIDÃO.
COM O APOIO DE SEUS AMIGOS E SUA PRÓPRIA DETERMINAÇÃO INABALÁVEL, ZARCO ALÇOU VOO, MAIS FORTE DO QUE NUNCA. E ASSIM, A LENDA DE ZARCO, A ÁGUIA QUE TEVE CORAGEM DE SE RENOVAR E ENFRENTAR TODOS OS DESAFIOS, SE ESPALHOU AINDA MAIS PELA FLORESTA, INSPIRANDO TODOS OS ANIMAIS A SEREM FORTES E CORAJOSOS, MESMO NOS MOMENTOS MAIS DIFÍCEIS.