ERA UMA VEZ, EM UMA CIDADEZINHA CHAMADA MATÃO, UM PERNILONGO CHAMADO AERONAUTA DAS ANTENAS LONGAS. ELE ERA DIFERENTE DOS OUTROS PERNILONGOS: MAIS FORTE, MAIS RÁPIDO E COM UM ZUMBIDO INCONFUNDÍVEL QUE CAUSAVA ARREPIOS EM QUEM O OUVISSE. SEUS AMIGOS O ADMIRAVAM, MAS TAMBÉM O DESAFIAVAM CONSTANTEMENTE A LUTAR, POIS QUERIAM TESTAR SUA FORÇA E AGILIDADE.
UMA NOITE QUENTE, AERONAUTA DECIDIU QUE IRIA PERTURBAR O SONO DA FAMÍLIA DE DONA LILI. ELE ADORAVA ESSA FAMÍLIA, POIS CADA MEMBRO REAGIA DE UMA MANEIRA ÚNICA AO SEU ZUM-ZUM-ZUM. DONA LILI ERA A MAIS DIVERTIDA DE TODAS, COM SEUS MOVIMENTOS DESAJEITADOS TENTANDO ESPANTÁ-LO.
— LÁ VEM ELE DE NOVO! — EXCLAMOU DONA LILI, BALANÇANDO OS BRAÇOS NO AR.
SEU MARIDO ASTROGILDO, UM HOMEM DE POUCAS PALAVRAS, LIMITAVA-SE A RESMUNGAR ENQUANTO SE COBRIA COM O LENÇOL ATÉ A CABEÇA. ATALIBA, O FILHO MAIS VELHO, TENTAVA ACERTAR AERONAUTA COM UMA RAQUETE ELÉTRICA, MAS SEMPRE FALHAVA. E JOSEFINA, A CAÇULA, RIA DAS TENTATIVAS FRUSTRADAS DA FAMÍLIA ENQUANTO SE ESCONDIA DEBAIXO DA CAMA.
AERONAUTA SE DIVERTIA IMENSAMENTE, VOANDO EM CÍRCULOS, DESVIANDO DOS TAPAS E DAS RAQUETADAS COM MAESTRIA. MAS NAQUELA NOITE, ALGO DIFERENTE ACONTECEU. ENQUANTO SE ESQUIVAVA DE UM GOLPE DE ATALIBA, OUVIU UMA VOZ SUAVE E DOCE.
— POR QUE VOCÊ FAZ ISSO, AERONAUTA? — PERGUNTOU JOSEFINA, DEBAIXO DA CAMA.
SURPRESO, AERONAUTA PAROU NO AR E RESPONDEU:
— EU... EU GOSTO DE VER A BAGUNÇA QUE VOCÊS FAZEM. É DIVERTIDO!
JOSEFINA SORRIU E DISSE:
— MAS VOCÊ NÃO SE CANSA DE SEMPRE FAZER A MESMA COISA?
AQUELA PERGUNTA FICOU NA MENTE DE AERONAUTA. DURANTE A NOITE, ENQUANTO OBSERVAVA A FAMÍLIA FINALMENTE ADORMECER, ELE COMEÇOU A REFLETIR. SERÁ QUE ELE ERA APENAS UM PERNILONGO QUE PERTURBAVA O SONO DOS OUTROS? SERÁ QUE SUA VIDA TINHA ALGUM PROPÓSITO MAIOR?
NOS DIAS SEGUINTES, AERONAUTA CONTINUOU A SER DESAFIADO PELOS OUTROS PERNILONGOS. CADA BATALHA O DEIXAVA MAIS FORTE, MAS TAMBÉM MAIS PENSATIVO. ELE QUERIA ENCONTRAR ALGO MAIS NA SUA JORNADA DO QUE APENAS VENCER BATALHAS E PERTURBAR HUMANOS.
ENTÃO, NUMA NOITE ESTRELADA, AERONAUTA DECIDIU EXPLORAR ALÉM DO QUINTAL DA FAMÍLIA DE DONA LILI. VOOU ATÉ O CAMPO, ONDE ENCONTROU OUTROS INSETOS QUE TAMBÉM ERAM DESAFIADOS EM SUAS PRÓPRIAS FORMAS. UMA LIBÉLULA CHAMADA ZIZI LHE CONTOU SOBRE UMA FLORESTA MÁGICA ONDE OS INSETOS VIVIAM EM HARMONIA, AJUDANDO UNS AOS OUTROS.
INTRIGADO, AERONAUTA DECIDIU VISITAR ESSA FLORESTA. LÁ, CONHECEU UM VELHO SÁBIO, O GRILO GRILSON, QUE LHE CONTOU SOBRE A IMPORTÂNCIA DE ENCONTRAR UM EQUILÍBRIO ENTRE SUAS HABILIDADES E SUA MISSÃO NA VIDA.
— VOCÊ TEM UM GRANDE PODER, AERONAUTA, MAS COM GRANDE PODER VEM GRANDE RESPONSABILIDADE — DISSE GRILSON, COM UMA PISCADELA. — USE SUAS HABILIDADES PARA ALGO MAIS DO QUE PERTURBAR. AJUDE OS OUTROS INSETOS A CRESCEREM, ASSIM COMO VOCÊ.
INSPIRADO, AERONAUTA RETORNOU À CIDADEZINHA. ELE AINDA VISITAVA A CASA DE DONA LILI, MAS AGORA, AO INVÉS DE PERTURBAR, ELE AJUDAVA A MANTER OUTROS INSETOS AFASTADOS E A PROTEGER A FAMÍLIA DE VERDADEIROS PERIGOS.
E ASSIM, AERONAUTA DAS ANTENAS LONGAS SE TORNOU UMA LENDA ENTRE OS INSETOS. ELE NÃO ERA MAIS APENAS O PERNILONGO QUE PERTURBAVA O SONO DOS OUTROS, MAS UM VERDADEIRO HERÓI QUE USAVA SUA FORÇA E RAPIDEZ PARA O BEM. E DE VEZ EM QUANDO, AO OUVIR UM ZUM-ZUM-ZUM NA NOITE, DONA LILI SORRIA E DIZIA:
— LÁ VAI O NOSSO PROTETOR VOADOR, O AERONAUTA DAS ANTENAS LONGAS!
E TODOS NA CASA, INCLUSIVE JOSEFINA, SABIAM QUE AQUELE PERNILONGO ESPECIAL TINHA ENCONTRADO SEU VERDADEIRO PROPÓSITO NA VIDA.