ERA UMA VEZ UM CACHORRO CHAMADO TIBOR, QUE QUANDO CHEGOU NA CASA DE DONA CLAUDETE, MAIS PARECIA UMA BOLINHA DE PULGAS. ELE ERA UM VIRA-LATA COM UM TOQUE DE LABRADOR, O QUE LHE DAVA UM CHARME TODO ESPECIAL. TIBOR ERA TRAVESSO DESDE PEQUENO, SEMPRE APRONTANDO ALGUMA COISA QUE FAZIA DONA CLAUDETE PERDER A PACIÊNCIA.
LOGO NO PRIMEIRO DIA, DONA CLAUDETE OLHOU PARA AQUELA COISINHA PEQUENA E PULGUENTA E DISSE:
— AH, MEU DEUS, VOCÊ ESTÁ PRECISANDO DE UM BOM BANHO! VAMOS LÁ, TIBOR, VAMOS TE DEIXAR CHEIROSO!
TIBOR, É CLARO, NÃO GOSTAVA MUITO DA IDEIA DE TOMAR BANHO E TENTOU ESCAPAR VÁRIAS VEZES, MAS DONA CLAUDETE ERA RÁPIDA E DETERMINADA. DEPOIS DE UM BANHO COM MUITA ESPUMA E ÁGUA, ELE FICOU LIMPINHO E CHEIROSINHO.
MAS TIBOR TINHA UM GOSTO PECULIAR. ELE ADORAVA COMER BANANA MISTURADA COM CINZA DE CIGARRO QUE AS PESSOAS JOGAVAM PERTO DELE NA RUA. CERTA VEZ, DONA CLAUDETE FLAGROU ELE COMENDO UMA BANANA COM CINZA E FICOU HORRORIZADA.
— TIMBORRRR! — ELA GRITOU, COM OS OLHOS ARREGALADOS. — O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?
TIBOR APENAS ABANOU O RABO E CONTINUOU A COMER, COMO SE NADA TIVESSE ACONTECIDO. DONA CLAUDETE NÃO PODIA ACREDITAR NAQUELE CACHORRO.
— E NÃO É SÓ ISSO! — DISSE ELA PARA A VIZINHA, DONA MARLI, NO DIA SEGUINTE. — ELE BEBEU MINHA COCA-COLA ONTEM!
— COCA-COLA? — PERGUNTOU DONA MARLI, RINDO. — ESSE CACHORRO É MESMO UMA FIGURA!
APESAR DE SUAS TRAVESSURAS, TIBOR ERA EXTREMAMENTE CARINHOSO. TODA VEZ QUE DONA CLAUDETE SE SENTAVA NO SOFÁ, LÁ VINHA ELE, ABANANDO O RABO E SE ENROSCANDO AOS PÉS DELA. ELE SABIA EXATAMENTE COMO DERRETER O CORAÇÃO DE SUA DONA, MESMO DEPOIS DE LEVAR UMA BRONCA.
UMA NOITE, ENQUANTO DONA CLAUDETE ESTAVA ASSISTINDO SUA NOVELA FAVORITA, ELA OUVIU UM BARULHO ESTRANHO NA COZINHA. FOI ATÉ LÁ E ENCONTROU TIBOR COM A CABEÇA DENTRO DA LATA DE LIXO.
— TIMBORRRR! — ELA GRITOU NOVAMENTE. — O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AÍ?
TIBOR LEVANTOU A CABEÇA, COM UM PEDAÇO DE FRANGO NA BOCA E UMA EXPRESSÃO DE CULPA QUE FEZ DONA CLAUDETE COMEÇAR A RIR.
— AH, TIBOR, O QUE EU VOU FAZER COM VOCÊ? — ELA DISSE, BALANÇANDO A CABEÇA E RINDO. — VENHA CÁ, SEU TRAVESSO!
OS ANOS PASSARAM, E TIBOR CONTINUOU A SER O CACHORRO MAIS ATRAPALHADO E AMOROSO QUE ALGUÉM PODERIA TER. ELE E DONA CLAUDETE SE TORNARAM INSEPARÁVEIS. ATÉ MESMO OS VIZINHOS ADORAVAM AS HISTÓRIAS DE SUAS TRAVESSURAS.
UMA TARDE, MUITOS ANOS DEPOIS, DONA CLAUDETE PERCEBEU QUE TIBOR ESTAVA FICANDO CANSADO. ELE JÁ NÃO CORRIA ATRÁS DOS PASSARINHOS COMO ANTES, E SEUS OLHOS ESTAVAM COMEÇANDO A FICAR NUBLADOS. MAS ELE AINDA ABANAVA O RABO QUANDO VIA SUA DONA E FAZIA QUESTÃO DE ESTAR SEMPRE POR PERTO.
TIBOR VIVEU UMA VIDA LONGA E FELIZ AO LADO DE DONA CLAUDETE. QUANDO CHEGOU A HORA DE ELE PARTIR, FOI CERCADO DE AMOR E CARINHO. DONA CLAUDETE SEGUROU SUA PATA E SUSSURROU:
— VOCÊ FOI O MELHOR CACHORRO QUE EU PODERIA TER PEDIDO, MEU QUERIDO TIBOR.
E ASSIM, TIBOR, O VIRA-LATA ATRAPALHADO, DEIXOU UM VAZIO ENORME NO CORAÇÃO DE TODOS DA FAMÍLIA, MAS TAMBÉM DEIXOU MUITAS MEMÓRIAS FELIZES E ENGRAÇADAS QUE ELES SEMPRE GUARDARIAM COM MUITO CARINHO. TIMBOR PARTIU DEPOIS DE ALGUNS MESES DEPOIS DA PARTIDA DE DONA CLAUDETE
SEMPRE QUE ALGUÉM PERGUNTAVA SOBRE TIBOR, DONA CLAUDETE SORRIA E DIZIA:
— ELE É UM CÃOZINHO ESPECIAL, TRAVESSO E AMOROSO. E EU O AMO COM TODO MEU CORAÇÃO.