ERA UMA VEZ UMA BARBA E UM BARBEADOR QUE VIVIAM NA PRATELEIRA AO LADO DO ESPELHO. A BARBA ERA UMA COLEÇÃO DE PELOS CURTOS E FOFOS QUE CRESCIAM NO ROSTO DO SENHOR JOÃO, E O BARBEADOR ERA UM OBJETO DE LÂMINA AFIADA, PRONTO PARA APARAR QUALQUER PELO QUE OUSASSE CRESCER DEMAIS.
TODAS AS MANHÃS, ENQUANTO O SENHOR JOÃO SE PREPARAVA PARA O TRABALHO, A BARBA E O BARBEADOR CONVERSAVAM ANIMADAMENTE. ELES ERAM AMIGOS, MAS TAMBÉM TINHAM UMA RELAÇÃO COMPLICADA, JÁ QUE O BARBEADOR SEMPRE ACABAVA CORTANDO A BARBA.
CERTA MANHÃ, A BARBA, QUE ESTAVA PARTICULARMENTE CHEIA E VOLUMOSA, DISSE COM ORGULHO:
— OLHA SÓ COMO ESTOU BONITA HOJE! SENHOR JOÃO VAI ADORAR MEU NOVO ESTILO.
O BARBEADOR RESPONDEU COM UM TOM BRINCALHÃO:
— ORA, BARBA, VOCÊ SABE QUE O SENHOR JOÃO GOSTA DE UMA APARÊNCIA LIMPA E BEM CUIDADA. LOGO MAIS EU CORTAREI VOCÊ!
A BARBA DEU UMA RISADINHA E PROVOCOU:
— VOCÊ SEMPRE DIZ ISSO, MAS VEJA SÓ, EU SEMPRE VOLTO A CRESCER. PARECE QUE NUNCA CONSEGUE SE LIVRAR DE MIM DE VERDADE!
O BARBEADOR SORRIU, MAS ANTES QUE PUDESSE RESPONDER, O SENHOR JOÃO ENTROU NO BANHEIRO, PEGOU O BARBEADOR E COMEÇOU A ENSABOAR O ROSTO. A BARBA SUSPIROU:
— LÁ VAMOS NÓS DE NOVO... BEM, É SÓ UMA QUESTÃO DE TEMPO ATÉ EU VOLTAR.
ENQUANTO O SENHOR JOÃO DESLIZAVA O BARBEADOR PELO ROSTO, OS PELOS DA BARBA CAIAM UM A UM, MAS A BARBA NÃO SE IMPORTAVA. ELA SABIA QUE FAZIA PARTE DE UM CICLO ETERNO.
QUANDO O SENHOR JOÃO TERMINOU, ELE LAVOU O ROSTO, SECOU-SE E COLOCOU O BARBEADOR DE VOLTA NA PRATELEIRA. O BARBEADOR, AGORA DESCANSANDO, DISSE À BARBA:
— VOCÊ ESTAVA CERTA, BARBA. VOCÊ SEMPRE VOLTA. MAS ENQUANTO EU ESTIVER AQUI, FAREI MEU TRABALHO COM DEDICAÇÃO.
A BARBA, QUE COMEÇAVA A CRESCER NOVAMENTE, RESPONDEU SUAVEMENTE:
— E EU TAMBÉM FAREI O MEU, VOLTANDO SEMPRE. AFINAL, SOMOS UMA DUPLA INSEPARÁVEL!
OS DOIS RIRAM JUNTOS, SABENDO QUE, APESAR DAS APARÊNCIAS, ERAM AMIGOS QUE VIVIAM EM HARMONIA. E ASSIM, A CADA DIA, A BARBA E O BARBEADOR CONTINUAVAM SEU CICLO DE CONVERSAS E CORTES, MANTENDO O SENHOR JOÃO SEMPRE BEM APRESENTÁVEL E FELIZ.