Contos doTio-Avô
Saulo Piva Romero
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HOUVE UM TEMPO EM QUE O VOVÔ ANTENOR FICOU MUITO DOENTE.
NESSA ÉPOCA EU ERA PEQUENA AINDA E O VOVÔ NONÔ, COMO ERA CARINHOSAMENTE CHAMADO POR SEUS NETINHOS, SEMPRE CONTAVA UMA HISTÓRIA DO LIVRO DE OURO DA CAROCHINHA PARA QUE EU PARASSE DE BRIGAR COM O SONO.
O VOVÔ NONÔ TINHA OS CABELOS E O BIGODE TODO BRANQUINHO E TAMBÉM MUITO FOFINHO.
ELE FICAVA MUITO CHARMOSO QUANDO USAVA SEUS ÓCULOS PARA PODER VISUALIZAR MELHOR AS LETRAS MIUDINHAS DO VELHO LIVRO DE HISTORINHAS QUE HAVIA GANHADO DE SEUS PAIS QUANDO AINDA ERA UM MENINO.
MEU VOVOZINHO TINHA UMA SAÚDE DE FERRO, MAS, COM O PASSAR DOS ANOS, ELE FOI FICANDO MUITO ABATIDO E LOGO ADOECEU E NÃO SAIU MAIS DA CAMA, POIS, SUAS PERNAS ESTAVAM FRACAS E ELE NÃO CONSEGUIA MAIS PARAR EM PÉ.
ENTÃO, ELE FICOU MUITO ENTRISTECIDO COM A SUA NOVA SITUAÇÃO E EU MESMO SEM ENTENDER O QUE HAVIA ACONTECIDO PARA QUE ELE FICASSE O TEMPO TODO NA CAMA, EU NUNCA O ABANDONEI.
EU FICAVA DIA E NOITE AO LADO DELE, POIS, EU MORAVA COM ELE E POR SER, A NETA CAÇULA, EU ERA A XODÓ DELE.
DESDE O DIA EM QUE O VOVÔ NONÔ ADOECEU, EU PASSAVA MUITAS HORAS NO QUARTO COM ELE.
EU NÃO PARAVA QUIETA.  UMA HORA EU ESTAVA NA CABECEIRA DA SUA CAMA SUSSURRANDO NO OUVIDO DELE PARA QUE ME CONTASSE UMA DAS MUITAS HISTORINHAS REPLETAS DE AVENTURAS E FANTASIAS E NUMA OUTRA HORA EU ESTAVA NO PÉ DA CAMA FAZENDO CÓCEGAS NOS SEUS PÉS SÓ PARA VÊ-LO RINDO E FAZENDO COM QUE ELE ESQUECESSE POR ALGUNS MUITOS QUE ESTAVA DODÓI.
EU PERDI ATÉ A CONTA DE QUANTAS BRONCAS EU LEVEI DA MAMÃE POR FAZER CÓCEGAS NA SOLA DOS PÉS DELE.
MAS, COMO MEU AVÔ ERA BONZINHO, ELE ME DEIXAVA FAZER DELE GATO E SAPATO, POIS, NONÔ ERA DAQUELES AVÔS QUE OS NETOS PODIAM APRONTAR MIL E UMA PERALTICES QUE PARA ELE ERA TUDO LINDO E MARAVILHOSO.
AO LADO DA CAMA DO VOVÔ TINHA UM CRIADO- MUDO ONDE FICAVA UM COPO COM UMA COLHER E UM VIDRO DE XAROPE PARA ELE TOMAR QUANDO A TEIMOSA TOSSE VOLTASSE A ATACAR OS SEUS PULMÕES DIFICULTANDO A SUA RESPIRAÇÃO.
QUANDO A NOITE CHEGAVA, LÁ ESTAVA EU NA BARRA DO PIJAMA DO VOVÔ NONÔ.
EU COM AQUELA CARA DE MANHA, ESFREGANDO OS OLHINHOS DE TANTO SONO, POIS, EU TÃO PEQUENINA JÁ ACORDAVA COM AS GALINHAS BEM CEDINHO.
MAS, SEU NONÔ, MESMO ADOECIDO E COM MUITAS DORES, ME CHAMAVA PARA QUE EU FICASSE AO SEU LADO NA CAMA E IMEDIATAMENTE JÁ ABRIA O LIVRO PARA MEU CONTAR UMA DAS MUITAS HISTORINHAS INCRÍVEIS QUE CONTINHA NO LIVRO DE OURO.
NAQUELA NOITE O VOVÔ NONÔ DECIDIU ESCOLHER UMA HISTÓRIA QUE TINHA A VER COM OS MEUS CABELOS LOIROS.
ELE ABRIU O LIVRO NA PÁGINA DA HISTÓRIA CACHINHOS DOURADOS, MAS, EU JÁ SABIA DE COR A HISTÓRIA DA MENINA DE CACHINHOS DOURADOS QUE INVADE A CASA DOS URSOS, TOMA A SOPA DO URSINHO E AINDA DEITA NA CAMA DELE E BLÁ BLÁ BLÁ...
VOVÔ NONÔ ERA ESPERTO, POIS, ESCOLHIA A DEDOS AS HISTÓRIAS QUE IRIA ME CONTAR, POIS, COMO ELE SABIA QUE EU JÁ CONHECIA BEM A FUNDO AQUELA HISTORINHA EU IRIA DORMIR MUITO MAIS DEPRESSA.
OS ANOS DOURADOS DA MINHA INFÂNCIA PASSARAM VOANDO. EU CRESCI, MAS AS LEMBRANÇAS QUE TENHO DO MEU VOVÔ NONÔ VÃO FICAR GUARDADAS NA MINHA. 
SEU NONÔ, COMO EU CARINHOSAMENTE O CHAMAVA, ERA TÃO FORTE QUE SAROU DO SEU DODÓI NOS PULMÕES E SÓ PARTIU DESSA VIDA AOS NOVENTA ANOS
EU SEMPRE SONHO COM O MEU VOVÔ NONÔ.  ESSE SONHO É BELÍSSIMO E INESQUECÍVEL PORQUE ELE ME CONTA QUE AGORA VIVE NUMA NUVEM LÁ EM CIMA NO CÉU E QUE ELA É MACIA COMO UM GOMO DE ALGODÃO. VOVÔ ESTÁ SENTADO EM CIMA DESSA NUVEM QUE ESTA RODEADA PELAS ESTRELAS E QUE FICA ATRÁS DA LUA.
VOVÓ NONÔ CONTINUA SEMPRE AO MEU LADO, EMBALANDO MEU SONO E EU SONHANDO COM SUAS LINDAS HISTORINHAS ANGELICAIS NA COMPANHIA DE ANJINHOS TOCANDO AO SOM SUAVE DAS HARPAS CELESTIAIS.
 
 
 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 06/01/2020
Alterado em 29/01/2024
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